segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Mas e se houvesse, Ideli?

A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, começou hoje a ser investigada pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República. O motivo foi o uso, por três dias, de um helicóptero do Samu em Santa Catarina, estado natal da ministra, no início de outubro. Ideli tem dez dias, prorrogáveis, para apresentar defesa. Pelo nível da nota emitida por sua assessoria, os argumentos serão, no mínimo, estúpidos: "nos dias em que houve a utilização do helicóptero não ocorreu nenhum acidente que justificasse a requisição da aeronave para prestação de socorro". 

Então, tá. A ministra usou um helicóptero para resgate de acidentados e, como não houve acidente, está tudo bem? E se houvesse, a aeronave chegaria a tempo de salvar uma vida? É a velha tática de responder o que não foi perguntado porque a questão não tem resposta. Qualquer semelhança é mera coincidência.

Em tempo: segundo o Correio Braziliense, " investigação do Ministério Público Federal de Santa Catarina apontou que, em três dias em que Ideli usou o helicóptero, houve 52 acidentes com 73 feridos e dois mortos nas estradas do estado."

Interessante ressaltar nesse caso é o pensamento, longe de ser exclusivo da ministra, de que autoridades têm direito a burlar regras devido ao cargo que ocupam. É tão natural isso que nossos dirigentes, ao final das contas, são sinceros em suas defesas porque acreditam nisso. E aí nosso dinheiro circula em helicópteros e jatinhos regados a lagosta e caviar. E vale para todos: da esquerda chique à direita raivosa. Do Legislativo ao Executivo, passando pelo Judiciário.  E nós ainda vamos ao aeroporto aplaudir a chegada da autoridade pop star.

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