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segunda-feira, 9 de março de 2020

Vivemos uma "escalada autoritária neofascista", diz Dilma

"Lutemos como sempre lutaram as mulheres", diz Dilma (F: Matheus Alves)

O I Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra recebeu, na noite de sábado (7), um Ato Político e Cultural com a presença de mais de 40 organizações, partidos e movimentos sociais nacionais e internacionais. Na plateia do Centro de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, mais de 3.500 mulheres vindas de assentamentos e acampamentos do MST, de 24 estados brasileiros. No palco, a ex-presidenta da república Dilma Rousseff, a presidenta do PT Gleisi Hoffmann, a jurista Deborah Duprat, a integrante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) Romi Bencke, e mais uma dezena de convidadas.

Dilma Rousseff classificou o atual momento da história do Brasil com muito difícil, com uma “escalada autoritária neofascista”. A ex-presidenta também frisou a preocupação com aspecto neoliberal do atual governo, que retira direitos, ataca as nossa grandes empresas públicas e soberania nacional, criminaliza os movimentos sociais, entrega a Amazônia e avança na exploração de seus recursos minerais.

“Nós temos que ter clareza que o neoliberalismo e o neofascismo são irmãos siameses. Esse é o caráter mais perverso desse autoritarismo que afeta a todos nós”, garantiu. Dilma enfatizou a necessidade de unidade para o enfrentamento desta conjuntura. “Se não nos unirmos e não nos fortalecemos, nós não conseguiremos conter o avanço do fascismo”, afirmou.

Para Dilma, o caráter fascista do governo Bolsonaro coloca o Brasil sem posição de subordinação os interesses de Donald Trump. “Nós não podemos deixar que o nosso país tenha esse destino de ser submisso ao imperialismo, somos muito grandes para sermos um quintal de alguém. Somos muitos grande e com povo muito forte para sermos submissos”.

A luta das ruas é o caminho necessário para a resistência, defendeu. “Nós sempre temos que começar tudo de novo, não há nenhum desespero em começar tudo de novo […] Vamos perceber que só temos uma saída é juntos combatermos o monstro do neofascismo e neoliberalismo. Nós somos mulheres, lutemos como sempre lutaram as mulheres, com muita força”, finalizou a ex-presidente.

Maria de Jesus, integrante da direção nacional do MST, levantou aplausos do público ao reafirmar a posição de resistência das mulheres Sem Terra: “Uma das primeiras coisas que aprendemos no movimento é não baixar a cabeça, nem para o machismo, nem para o patriarcado, nem para o capital. Nós, mulheres, vamos resistir em todos os territórios na defesa e construção da unidade da classe trabalhadora, do campo e da cidade”. Para a dirigente, a unidade é a saída para todos os retrocessos pelo qual o país passa.

A pastora luterana Romi Bencke, secretária geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), avalia que o Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra vai além das mulheres do campo. É um encontro que reúne toda a caminhada das mulheres que lutam e lutaram por direitos. “Esse é o encontro da insurreição das mulheres em um contexto em que o Brasil assume, sem vergonha na cara, todo o seu ódio às mulheres, e que nós temos um presidente da República que não tem nenhuma vergonha de assumir a sua misoginia. Esse encontro diz que nós mulheres não aceitamos o patriarcado fundamentalista que rouba a fé cristã para justificar a opressão e a exclusão das mulheres”.

A religiosa convocou as mulheres a se mobilizarem neste Dia Internacional das Mulheres. “Nós não vamos deixar roubar nossos direitos, não vamos deixar roubar nossos territórios. Mulheres em marcha no 8 de março, somos uma nas outras e seguiremos assim, e as insurreições virão cada vez mais forte”.