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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Record tenta esconder, mas prisão do bispo Marcelo Crivella é a notícia mais acessada

O Grupo Record, comandado pela Igreja Universal, até que tentou ignorar a prisão do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos). Mas a notícia da operação que levou à cadeia o bispo bolsonarista derrotado à reeleição para a prefeitura é a mais lida do site R7. 

Portal R7, do Grupo Record, ignora principal notícia do dia ao esconder prisão de Crivella

Crivella foi detido pela Operação Hades, ação conjunta da Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro que apura o pagamento de propina a agentes públicos do município. De acordo com o MP, Crivella era o chefe da organização criminosa. Ao todo, foram expedidos sete mandados de prisão.

Mesmo escondida na página, prisão de Crivella é a notícia mais lida do R7

A Record News, para não perder toda a credibilidade, tem dado curtas notícias sobre o fato em meio a sua programação. Já o portal R7 praticamente ignora a notícia em sua página inicial. Apenas uma pequena manchete, sem destaque, anuncia a principal notícia do dia. Ao se rolar praticamente metade da página, onde está o carrossel com as notícias  mais lidas, é possível verificar, porém, que a prisão do bispo é o texto mais acessado.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

“Índio tem que morrer de malária, de parto”, diz apresentadora da Record Goiás

Fabélia Oliveira: "Índio não pode tomar remédios" (Reprodução You Tube)
Pode parecer estarrecedor, mas essa foi a opinião defendida no programa Sucessono Campo, da Record Goiás, pela apresentadora Fabélia Oliveira. O comentário foi feito na edição do último domingo, 8, e publicado no canal da apresentadora no You Tube.

Indignada – assim como inexplicavelmente todo o agronegócio – com o polêmico samba enredo da escola Imperatriz Leopoldinense “Xingu, o Clamor que Vem da Floresta”, Fabélia não se contentou em defender os agricultores e pecuaristas, como vêm fazendo uma série de entidades representativas do setor, mas também decidiu atacar a comunidade indígena e os autores do samba enredo: “Você já ouviu falar esses nomes? Provavelmente, não. E, se ouviu, foi agora, recente”, ironizou.

Críticas aos autores e defesa do “homem do campo”. Até aí, tudo dentro da normalidade. Fabélia perdeu a mão – e as menções negativas a seu comentário no You Tube, três vezes maiores que as positivas demonstram isso – ao desferir ataques aos índios, que nada tiveram a ver com a decisão da escola de se valer desse tema para o carnaval desse ano.

Tão vítimas quanto os empresários rurais, foram atacados com várias ofensas. Mas nada tão inacreditável quanto este trecho:

“Se o índio quer preservar a cultura, ele não pode ter acesso à tecnologia que nós temos. Ele não pode comer de geladeira, tomar banho de chuveiro e tomar remédios químicos. Porque há um controle populacional natural, ele vai ter que morrer de malária, de tétano, do parto. É a natureza. (…) Que vá se tratar na medicina do cacique, do pajé”. 



Em sua defesa do segmento que representa – e, frise-se novamente, não há nada de errado nisso -, Fabélia desconsiderou um fator intrínseco e básico de qualquer comunidade: elas são compostas de bons e de maus.

Voçoroca no Araguaia (F: Fabiola Filizola/Embrapa)
Se os índios não são santos, aculturados que foram, por usar “Ray-Ban original e aparelho nos dentes”, os empresários do agronegócio, que estão destruindo as nascentes do Araguaia (na região de Mineiros, Santa Rita do Araguaia, que conheço bem), o mais importante rio goiano, provocando voçorocas que abrigariam tranquilamente uma composição de trens em seu interior por não respeitar a legislação ambiental também não o são. Todos os ruralistas? Todos os índios? Não.

Não se sabe se o comentário de Fabélia, que também pede, como em um culto, a contribuição dos telespectadores para comprar espaços publicitários em defesa do agronegócio se deve à simples polêmica, para chamar audiência, se é um afago nos patrocinadores ou meramente uma visão individualista estilo “eu sou eu e massacrem-se os outros” tão presente nos tempos de idade média atuais.

Também não se sabe se, ao analisar a questão meio ambiente-agronegócio a partir de um poto de vista unilateral, consegue perceber que são questões intimamente interligadas e que as agruras climáticas enfrentadas pelos produtores como ela mesma cita em seu infeliz comentário provavelmente têm ligação direta com o desmatamento.

Mas, o mais impressionante dessa história, é que, longe de fazer uma crítica contumaz ao ruralismo - a crítica mais clara é à usina de Belo Monte - o samba enredo mais exalta o índio (veja a letra aqui). Aparentemente, não entenderam nada - vale uma aula de interpretação de texto. Ou, o mais preocupante: disfarçado em defesa do segmento, o agronegócio quer se utilizar da falsa polêmica que criou para atacar ainda mais a população indígena. Vale pensar sobre o assunto. 

O fato é que, como comunicadora e empregada de um serviço que é uma concessão pública, deveria contribuir para o debate, nunca para o acirramento das ideias.

E você, já ouviu falar em Fabélia Oliveira? Provavelmente, não. E, se ouviu, foi agora, recente.