Já se tornou padrão entre membros da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro desqualificar as gravíssimas denúncias reveladas em suas conversas nada republicanas em grupos do Telegram. Ora alegam não se lembrar - em um estranho surto de amnésia coletiva -, ora dizem que o material foi alterado e ora afirmam não ver nada demais na trama. Mas o fato é que os envolvidos sabem da autenticidade. Mais, sabem de qual dos aparelhos as conversas vazaram.
Quando se visualiza uma conversa no Telegram ou mesmo no Whats App, o nome do interlocutor aparece da forma em que foi gravado na agenda daquele celular específico. E nem todos os procuradores tratam os colegas da mesma forma. Alguns registram apenas o primeiro nome, outros, o nome completo, outros, ainda, o nome e a cidade de atuação etc etc. Portanto, ao confrontar as imagens reveladas pelo Intercept com as que ainda mantêm em seu próprio aparelho, a vítima da invasão - ou o autor do vazamento - sabe exatamente que as mensagens explícitas de atropelo à lei saíram de seu próprio aparelho.
Independentemente disso, que é um fato secundário, todos os envolvidos sabem exatamente da veracidade das informações reveladas pela série de reportagens do Intercept, Folha e Veja. E, mesmo que neguem publicamente, entre eles, em seu íntimo, convivem diariamente com o constrangimento de suas atitudes - e críticas a colegas - porque sabem o que escreveram e o que leram. Nesse momento, deve haver uma guerrinha entre a turma de Deltan e o político Sergio Moro. Bastante salutar para a democracia, diga-se.
Interpect prova autenticidade das mensagens
Independentemente da reação desesperada dos autores de uma das maiores tramas da história política brasileira - sim, Moro e a Lava Jato agiram politicamente - não há mais dúvidas da autenticidade dos diálogos. Basta ver os jeitos e trejeitos de cada um, a forma de se expressar, as formas de tratamento entre colegas, para ver que só um Nobel em literatura teria tempo e capacidade para criar perfis tão característicos.
Mas, vamos aos fatos. Em news letter publicada no último dia 06, o Intercept revela como faz a checagem dos diálogos. Não é apenas uma análise do que foi dito, mas uma série de outras questões são levantadas, como explica trecho da matéria:
"Assim, passamos semanas obstinadamente buscando sinais que confirmassem a autenticidade das mensagens. Encontramos, em quantidade mais que suficiente: conversas de nossos repórteres com procuradores; menções a nós em outros diálogos que coincidem com datas em que procuramos a Lava Jato; referências a locais e endereços que conhecemos; discussões prévias sobre eventos a que sabemos que a força-tarefa compareceu; trocas de argumentos sobre processos à época em que eles eram julgados; comentários sobre noticiário do dia. Repórteres parceiros repetiram o procedimento, e o resultado foi o mesmo."
No caso da procuradora Monique Cheker, por exemplo, que disse que "Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados", o site fez uma checagem tripla, cruzando informações sobre a procuradora em outros sites e até em conversas com parentes.
Um exemplo é esta conversa de Monique com Deltan Dallagnol, o subchefe da Lava Jato, subordinado apenas a Sergio Moro:
"Deltan – 00:17:33 – Mo, como faço a citação do artigo? Preciso dos dados da obra em que estará inserido. Vc me passa ou indica nome se estiver já online?
Monique – 01:10:06 – Pela ABNT, faça a citação e coloque a informação “no prelo” após o nome do autor.
01:11:20 – [imagem não encontrada]
01:11:50 – O nome da coletânea será “Desafios contemporâneos do Sistema Acusatório”
Uma simples busca pelo nome do livro na internet nos levou ao site da Amazon:"
A pré-visualização do livro no site da Amazon permite que tenhamos acesso ao índice da publicação. Nele, como vemos abaixo, consta o nome de Cheker (e de nenhuma outra Monique), confirmando o que ela disse a Deltan. Ou, ao contrário do que escreveram os porta-vozes da Lava Jato, Monique é Monique:
Essa é apenas parte do serviço de checagem que envolve jornalistas do Intercept, Folha e Veja. Negar o trabalho sério de profissionais de veículos com matizes tão contrapostas é negar o óbvio. Revela apenas ignorância, má fé ou apreço por contraventores de estimação.
domingo, 7 de julho de 2019
terça-feira, 2 de julho de 2019
Contra ataques de Bolsonaro, Fundo Amazônia ganha site em português e inglês
Por iniciativa da Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES) e da Associação dos Servidores públicos do IBAMA e ICMBio (ASIBAMA) foi lançado hoje (2) um site em defesa do Fundo Amazônia. O acesso é gratuito e o conteúdo disponibilizado nas versões português e inglês.
Na plataforma serão disponibilizados conteúdos explicativos de forma moderna e acessível. Os visitantes terão acesso ao FAQ com perguntas e respostas sobre o trabalho e a importância do Fundo Amazônia. Além de um espaço para as manifestações que já foram realizadas em prol da conservação da governança do Fundo que busca a proteção da Floresta Amazônia.
O site poderá ser acessado no domínio emdefesadofundoamazonia.com.br e contará com textos, vídeos e imagens informativas disponíveis para download e compartilhamento nas redes sociais. Também será oferecido aos visitantes o envio de informações sobre as mobilizações relacionadas ao Fundo Amazônia.
O objetivo da criação do site é esclarecer sobre a importância desse recurso, atualmente ameaçado pelo Governo Federal. Recentemente, o Ministério do Meio Ambiente anunciou que pretende implantar mudanças na gestão do Fundo Amazônia. Na prática, a proposta é aumentar a força da pasta nas decisões sobre como aplicar o dinheiro, que atualmente são feitas por um comitê diverso e participativo, formado por governos, empresas, ONGs e comunidades tradicionais.
Fundo Amazônia em números
O Fundo Amazônia existe há mais de 10 anos e é um esforço internacional de preservar a mais importante floresta do mundo através de doações, que são geridas pelo BNDES. Já foram R$ 3 bilhões captados para investimento em projetos de pesquisa, geração de emprego e renda na floresta e combate ao desmatamento na Amazônia Legal.
Considerado a maior transferência de recursos entre países para a preservação de florestas, a iniciativa já protegeu 45 milhões de hectares, possibilitou que 162 mil pessoas fossem impactadas por atividades produtivas sustentáveis e beneficiou 49 mil indígenas. Além de promover 687 missões de fiscalização ambiental e ser responsável pela queda do desmatamento.
(*) Com informações da assessoria de imprensa
quinta-feira, 27 de junho de 2019
CPI do BNDES pode se posicionar contra emenda do relator da Previdência que retira recurso do Banco
A CPI que investiga possíveis irregularidades no BNDES deve apreciar na próxima semana pedido do deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) para que a Comissão se posicione contra a emenda do relator da Reforma da Previdência na Câmara, Samuel Moreira (PSDB-SP), que, na prática, inviabiliza as atividades do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “O relatório retira o único recurso próprio, estipulado por lei, de que o Banco dispõe, a parcela de 40% da arrecadação do PIS/PASEP. A projeção é de que o corte seja de R$20 bilhões por ano. Enquanto CPI, temos o papel não só de investigar, mas de ser propositiva”, afirma o deputado.
O presidente da CPI, Vanderlei Macris (PSDB-SP), se comprometeu a colocar o pedido em votação já na próxima reunião da CPI. Em depoimento como testemunha nesta quarta-feira à Comissão, o ex-presidente do BNDES, Joaquim Levy, admitiu que o relatório da Reforma gera preocupação. “O corte, tomado individualmente, pode vir a constranger a capacidade do Banco de executar algumas de suas atividades, pode comprometer as atividades do Banco”, afirmou em resposta a questionamento de Elias Vaz.
O artigo 239 da Constituição Brasileira, de 1988, estabelece que pelo menos 40% do recurso decorrente do PIS/PASEP seja destinado ao Banco de Desenvolvimento Econômico e Social. O projeto original da Reforma da Previdência, assinado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, reduz esse índice para 28%. Já o substitutivo do relator Samuel Moreira acaba com qualquer repasse do PIS/PASEP ao BNDES, restringindo a destinação à Previdência Social.
“O BNDES tem sido vítima de muitos equívocos, muitos erros precisam ser corrigidos, mas não podemos usar esses problemas como pretexto para o desmonte da instituição. O Banco precisa é retomar a função para a qual foi criado, de garantir crédito e desenvolvimento social, deixando de atender apenas grandes grupos econômicos”, destaca o deputado Elias Vaz.
Historicamente, o maior volume de financiamentos é destinado a empresas de grande porte, como Vale S.A., JBS e Odebrechet. Em 2009, o índice chegou a 82%. Neste ano, já é de 52%. Enquanto isso, de 2006 até agora, o valor aplicado em micro empresas representou no máximo 16% do total, ficando muitas vezes em torno de 7%, como acontece em 2019.
O presidente da CPI, Vanderlei Macris (PSDB-SP), se comprometeu a colocar o pedido em votação já na próxima reunião da CPI. Em depoimento como testemunha nesta quarta-feira à Comissão, o ex-presidente do BNDES, Joaquim Levy, admitiu que o relatório da Reforma gera preocupação. “O corte, tomado individualmente, pode vir a constranger a capacidade do Banco de executar algumas de suas atividades, pode comprometer as atividades do Banco”, afirmou em resposta a questionamento de Elias Vaz.
O artigo 239 da Constituição Brasileira, de 1988, estabelece que pelo menos 40% do recurso decorrente do PIS/PASEP seja destinado ao Banco de Desenvolvimento Econômico e Social. O projeto original da Reforma da Previdência, assinado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, reduz esse índice para 28%. Já o substitutivo do relator Samuel Moreira acaba com qualquer repasse do PIS/PASEP ao BNDES, restringindo a destinação à Previdência Social.
“O BNDES tem sido vítima de muitos equívocos, muitos erros precisam ser corrigidos, mas não podemos usar esses problemas como pretexto para o desmonte da instituição. O Banco precisa é retomar a função para a qual foi criado, de garantir crédito e desenvolvimento social, deixando de atender apenas grandes grupos econômicos”, destaca o deputado Elias Vaz.
Historicamente, o maior volume de financiamentos é destinado a empresas de grande porte, como Vale S.A., JBS e Odebrechet. Em 2009, o índice chegou a 82%. Neste ano, já é de 52%. Enquanto isso, de 2006 até agora, o valor aplicado em micro empresas representou no máximo 16% do total, ficando muitas vezes em torno de 7%, como acontece em 2019.
Novo e PSL votam contra as vítimas de Brumadinho e o meio ambiente
Novo e PSL votaram contra vítimas (F: C. em Foco) |
segunda-feira, 24 de junho de 2019
Vereador do MBL quer prender em manicômios mulheres grávidas que possam ter "tendência ao aborto"
Holiday quer prender grávidas (F: Fabio R. Pozzebom/Ag. Brasil) |
Atualmente, o aborto só pode ser realizado nos casos em que houve violência sexual, o feto não ter cérebro ou se há risco para a vida da mulher. Para realizar esse procedimento, a mulher deverá obter alvará judicial, caso o projeto avance no Legislativo. Depois, terá de esperar 15 dias.
O projeto de Fernando Holiday, que já teve problemas com a justiça eleitoral, permite a internação psiquiátrica de mulheres grávidas caso seja constatado, durante atendimento médico, que a paciente possa apresentar algum indício de aborto. Especialistas veem exagero e inconstitucionalidade na proposta. O parlamentar diz que o recurso à internação seria só nos casos de "prejuízo mental ou dependência química".
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