quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Juiz amigo de candidato censura reportagem do Intercept Brasil

Juiz Araújo (esq.) e juíza Rebeca Mendonça, no 
 aniversário que revelou no Instagram a amizade entre
empresário e juízes
"Se você tentou acessar a reportagem “Candidato de Manaus conta com o hospital da família, a covid e o Judiciário para subir nas pesquisas” e não conseguiu, o motivo é simples: nós fomos censurados. O texto, publicado em 13 de novembro e retirado do ar pela Justiça Eleitoral amazonense dois dias depois, contava como o candidato agora derrotado à prefeitura da capital Ricardo Nicolau, do PSD, aproveitou o acesso privilegiado que tinha ao interior do hospital municipal de campanha de Manaus para gravar imagens vestido de branco e visitando leitos de pacientes como se fosse um médico – ele não é."

Assim começa a reportagem de Nayara Felizardo, no Intercept Brasil, que revela estranhas relações entre a política e a justiça amazonenses. A reportagem censurada mostrava as relações de amizade entre a juíza eleitoral Margareth Rose Cruz Hoaegen, que decidiu em favor de Nicolau contra adversários, "é grande amiga de Jeanne Nicolau, cunhada do candidato. A juíza também esteve no aniversário de Jean Cleuter, advogado de Ricardo Nicolau".

Também revela a reportagem que "o juiz Alexandre Henrique Novaes de Araújo, que, assim como a juíza Hoaegen, também tem relações próximas com o grupo Samel e com a família Nicolau", foi um dos magistrados que recebeu uma das representações de Nicolau contra a reportagem. "O juiz Araújo, que determinou a censura à reportagem, foi um dos ilustres convidados de uma festa que celebrava o aniversário de Alberto Nicolau, irmão do candidato derrotado Ricardo Nicolau", segue a reportagem.

A matéria completa você pode verificar aqui.

Jovens poderiam ter mudado rumo da eleição municipal em Goiânia

Participação de eleitores de 17 e 18 anos foi a menor nos últimos 30 anos

O resultado do primeiro turno da disputa entre Maguito Vilela (MDB) e Vanderlan Cardoso (PSD) poderia ter sido diferente se os jovens de 17 e 18 anos tivessem participado das eleições. Essa constatação é do Doutor em Educação Histórica, professor no Curso Positivo e autor do livro "Guia Prático sobre Democracia para Jovens", Daniel Medeiros, com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 2020, apenas 5% dos jovens entre 16 e 17 anos fizeram o título de eleitor, o que representa a menor participação dessa faixa etária registrada nos últimos 30 anos. É ponto pacífico entre os especialistas que um grande número de abstenções nas urnas sempre favorece quem tem mais votos. Quem escolhe não votar ou opta por votar branco ou nulo está, no fundo, dando vantagem para o candidato que estiver à frente na corrida eleitoral. Então, explica o professor, uma participação mais significativa dos jovens que ainda não são obrigados a votar “poderia ter, pelo menos, diminuído ou aumentado a diferença entre os candidatos que foram para o segundo turno. O voto dessa faixa etária teria um impacto importante, sem dúvida”.

Medeiros, que atua como professor há 36 anos, afirma que para educar cidadãos interessados no jogo democrático é preciso fazer com que eles entendam desde cedo como esse jogo funciona. “Não foi o jovem que perdeu o interesse na política, mas a política que perdeu o interesse no jovem”, destaca.

Para que os mais novos participem mais da vida política do país é necessário permitir que eles exercitem atividades como a da proposição de ideias, o debate e a construção de consenso para formar maiorias, por exemplo. “A política exige conhecimento e prática e não é, portanto, um processo natural. Eu sempre relaciono isso a assistir ou jogar, por exemplo, o baseball. Imagine assistir a uma partida ou, pior, jogar baseball, sem conhecer as regras do jogo... seria impossível”, compara o especialista. Para ele, a escola precisa dar protagonismo ao jovem como um agente atuante nas decisões tomadas na comunidade escolar.

Medeiros conversa sobre o tema com a professora de História e mestre em Educação Maria Carolina Magalhães Santos no 14º episódio do podcast PodAprender, cujo tema é “Como ensinar democracia dentro e fora da sala de aula”. O programa pode ser ouvido no site do Sistema de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br), nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil. 

ABI irá debater leis de punição a agressores de jornalistas

Diante de mais uma agressão a um profissional da imprensa, dessa vez o jornalista Arthur Stabile, em Diadema, no último dia 15/11, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) decidiu debater, com os seus autores, os projetos de lei que aumentam a punição aos agressores. Neste momento, tramitam cinco projetos na Câmara de Deputados, e um, no Senado.

Para o presidente da ABI, Paulo Jeronimo, "a essência de uma lei com esta característica deve ser, ao proteger jornalistas, garantir o livre exercício da profissão, as liberdades de expressão e de imprensa, bem como o direito fundamental da sociedade à informação."

Clique e conheça os projetos:

PL-2896/2020 (https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2253705)


PL-2914/2020 (https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2253766)


PL-2982/2020 (https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2254044)


PL-2378/2020 (https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2251472)


PL-2393/2020 (https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2251514)


PL 4.522/2020 (https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=8889317&ts=1602095266311&disposition=inline)

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Movimento pede instalação de centro de atendimento a autistas em Goiás; Caiado nega

Uma petição na plataforma Change.org cobra do governador Ronaldo Caiado (DEM) a implantação de um centro de referência para tratamento do autismo em Goiás. De acordo com o documento, Caiado vetou projeto aprovado na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), autorizando a criação da unidade, alegando que o estado já contempla o atendimento a autistas na estrutura de saúde existente, o que os parentes de pessoas com o transtorno discordam.

Projeto autorizativo dos legislativos não tem nenhuma validade jurídica. Na prática, autoriza o governador ou prefeito a fazer o que eles já podem fazer. Mas são utilizados como forma de pressionar o mandatário e chamar a atenção da sociedade para o assunto.

Você pode assinar a petição clicando aqui.

Segue o texto publicado na plataforma:

"A Assembleia Legislativa de Goiás aprovou o projeto de nº 3923/19, que autorizou a criação e implementação do Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA).

Entretanto, o Governador Ronaldo Caiado vetou a criação desse importante Centro de Referência sob a alegação de que já existe estrutura no Estado de Goiás para o atendimento das pessoas com Autismo.

Precisamos da sua assinatura para ajudar a derrubar o veto do Governador e viabilizar a criação do Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA).

Para as crianças e pais com complicações causadas pelo Transtorno do Espectro do Autismo(TEA) no Estado de Goiás, as filas são enormes e as terapias, demoradas. Muitas vezes estas são negadas sem nem ao menos dar a chance de nos preparar para esse baque.

Existem crianças que estão na fila de atendimento para um Neuropediatra há mais de 4 anos pelo SUS. Sem o atendimento adequado e sem os relatórios médicos é muito difícil assegurar a qualidade de vida para nossos anjos.

Mas com a aprovação do projeto que autorizou a criação do Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA) criou-se uma esperança na possibilidade de ter um atendimento especializado e adequado para as crianças portadoras de autismo. No entanto, nossa esperança foi por água abaixo quando o Governador vetou a criação do CRE-TEA.

Precisamos mostrar para o Sr. Governador Ronaldo Caiado quem somos e o que precisamos. Somos pais e mães que abdicam de tudo por um minuto de atenção dos nossos filhos, muitos na esperança de ouvir uma palavra, sentir um toque, ou simplesmente dormir uma noite tendo a certeza que tudo vale a pena, cada lágrima, cada passo e, principalmente, cada sorriso.

Só quem já passou por uma crise causada pelo TEA sabe o que é se sentir impotente e de mãos atadas, mas superar e seguir em frente é nosso foco e meta de vida pelos nossos filhos, irmãos e parentes.

Nos ajude a mostrar que estamos aqui e precisamos ser notados e principalmente respeitados!!!"

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Anunciantes ignoram vitimização da Gazeta do Povo e mantêm exclusão de anúncios

Veículo que reclama de perseguição demitiu colunista líder de audiência por ser considerado de esquerda, após pressão de leitores extremistas

Apesar da matéria apócrifa publicada pela Gazeta do Povo acusando os que pedem a interrupção da publicação da coluna de Rodrigo Constantino no site paranaense de “milicianos digitais”, os anunciantes não se convenceram. Dia a dia um novo patrocinador atende aos apelos, capitaneados pelo Sleeping Giantes Brasil, e decidem não associar sua marca a conteúdos que disseminam o ódio e fake news. A própria Gazeta diz que pelo menos 13 patrocinadores deixaram de exibir suas propagandas no site.

Ao contrário do que tenta fazer parecer o site, ninguém está desejando o fechamento da Gazeta. O pedido é para que eles sigam o exemplo de outros quatro veículos que dispensaram Constantino após ele culpabilizar algumas vítimas por seu próprio estupro, ao comentar a repercussão do caso Mariana Ferrer.

Para a Gazeta, as explicações do Constantino, que também disse que não denunciaria estupradores caso a situação da mulher – como estar bêbada ou participando de festas com homens – induzisse ao crime e que chamou feministas de “vadias” são suficientes para “esclarecer o mal entendido”.

Interessante relembrar que, ao demitir um de seus principais colunistas, no ano passado, a pedido de leitores de direita extremistas, Rogério Galindo, por ser considerado uma voz de esquerda dentro da publicação, a Gazeta não se referiu a essa pressão como perseguição à liberdade de expressão ou mesmo resultado de uma milícia digital, o que revela o caráter dual com que o site analisa as manifestações que recebe.

O fato é que os patrocinadores não se deixaram levar pela vitimização da diretoria da Gazeta. A empresa de cosméticos sustentáveis The Body Shop, por exemplo, respondeu assim ao aviso do Sleeping Giants: “(…) o anúncio no site Gazeta do Povo foi bloqueado no momento em que vocês nos notificaram. (…) Apoiamos o movimento e bloqueamos sempre que encontramos sites que propagam fake news e discursos de ódio”.

A marca de camisetas Reserva também se posicionou: “Estamos passando para avisar que nos reunimos com o time e fizemos uma varredura para saber se tínhamos algum anúncio no jornal Gazeta do Povo ou em qualquer meio de comunicação que apoiasse, mesmo que indiretamente, a Cultura do Estupro e retiramos imediatamente. (…) Vocês poderiam divulgar o nosso posicionamento? Queremos que todos saibam que o nosso posicionamento está alinhado com nossa missão de cuidar das pessoas!”.

A gigante Alegra Foods seguiu no mesmo caminho: “Repudiamos qualquer discurso de ódio. Já estamos suspendendo os anúncios no site apontado. Muito obrigada por nos alertar.”

Ao insistir em ir contra o bom senso e a favor da disseminação de informações falsas e opiniões que colocam em risco a saúde de milhões de pessoas, como as críticas ao distanciamento social, ao uso de máscaras e à minimização da pandemia de Covid-19, explicitamente defendidas por Constantino, a Gazeta decidiu se aliar a seus sectários leitores. Resta saber se conseguirão sobreviver e, um dia, recuperar a credibilidade.


Em tempo

Deixo explícita, aqui, minha solidariedade aos 120 funcionários da Gazeta, alguns ex-colegas de trabalho, que, arriscando seus empregos, assinaram uma carta de repúdio à permanência de Constantino no site.