terça-feira, 18 de setembro de 2007

Por que sou ateu

Notas, impressões, versões e alguma verdade

“Queria ter certeza de que sou ateu”, disse eu, dias atrás, sei lá por qual motivo. “Pois eu queria acreditar que ele existe”, respondeu uma colega de trabalho. De uma coisa estou certo: nesse Deus que apregoam por aí, um ser único e infalível, eu não acredito mesmo. Mas tem muita coisa estranha que acontece vez ou outra que não consigo entender “materialisticamente” falando.

Por exemplo: previsões de videntes que dão certo. Doenças incuráveis que se curam. Possessões – que já presenciei. Tenho lá minhas explicações. Para as previsões existe a tal Teoria dos Grandes Números, que já citei aqui. Para a cura de doenças, particularmente, acredito muito no poder da mente, pessoal, de cada um – o que pode se traduzir eventualmente como fé. Para as possessões, não sei, talvez alguma alteração na mente também.

O mais interessante é que a igreja que eu freqüentava quando criança contribuiu sensivelmente pra que eu me tornasse ateu – se é que sou. Pois lá, como na maioria delas, quiçá em todas, Deus é um ser cruel que sempre castiga quem o desobedece. Ora, quem quer saber de alguém assim? Lembro-me de uma vez em que, já desconfiado, perguntei a meu pai o que havia acontecido com quem viveu antes de nossa igreja ser fundada. “Foram todos pro inferno”, respondeu, sem nenhuma dúvida. A mesma resposta quando questionei o destino das pessoas que eram visível e incontestavelmente boas, mas que eram “do mundo”, não pertenciam ao grupo de eleitos da igreja. Era demais, mesmo pra uma criança com seus nove, dez anos.

Mesmo assim, a imagem de um Deus cruel e vingativo me perseguiu por anos e anos, apesar do abandono daquela e de qualquer outra igreja. Foi há apenas três ou quatro anos que tive coragem de me assumir como ateu, sem imaginar que, em caso de estar errado, o inferno me aguardaria. Hoje, digo sem medo, mas também sem muita convicção. Gostaria de ser, mas talvez não seja.

O que defendo, porém, é o direito da dúvida – até porque ninguém pode provar uma coisa nem outra e estou aberto a provas concretas aqui. O que não gosto nem aceito são as tentativas de convencimento e o patrulhamento religioso.

3 comentários:

Anônimo disse...

Você precisa ler Philip Roth. Complexo de Portnoy. Tenho certeza de que iria se identificar. Fala da opressão religiosa de uma família judaica. Mas assim mesmo. Lembrei muito de você quando lia.

Anônimo disse...

Paulo, ative-me a ler esta sua "matéria" que considerei interessante, até porque não tinha esta informação à seu respeito. É curioso como as coisas podem ser mais simples do que parecem. Eu aceito sua posição, afinal a fé (e a crença num Deus Todo Poderoso) é a responsável pelo equilíbrio entre a bondade e a maldade. Na verdade se a prova da inexistência de um Deus vier a se confirmar, não haverá motivos (para muitos que têm "duas caras") de "auto-controle" sobre suas atitudes. O mundo talvez vire um caos. Por outro lado, uma vez vi um filme que me marcou muito, era sobre a criação do ser-humano espelho e semelhança de Deus, porém com uma coisa que os "ANJOS" jamais terão (o livre arbítrio). E isto faz o homem (na concepção dos "ANJOS") mais especial do que eles mesmos ("ANJO" tem EGO?!!). Bom o importante é que no final do filme, uma frase paramentou tudo. A fé é a crença na possível existência de algo após a morte, e sem a fé (o oculto) o Homem saberá exatamente como proceder nesta vida, tornando-a assim sem sentido e "monótona". Então, existindo ou não um DEUS, "agradeço à Deus" pelo mistério de sua existência.
Paulo, um grande abraço.
Que "Deus" ilumine seu caminho, fazendo assim você muito sucesso e tendo conquistas.
Até.

Natalia Yurie disse...

Apóio sua defensa. Não é porque alguém não acredita na existência de Deus que esse alguém não tem fé, inclusive os que não acreditam parecem ter mais tolerância do que os demais....e como Ele deixa isso acontecer? :/