segunda-feira, 10 de abril de 2017

Editora tenta liberar livro "Diário da Cadeia", de "Eduardo Cunha"

A Editora Record entrou com recurso no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro solicitando a liberação do livro "Diário da Cadeia - Com trechos da obra inédita "Impeachment". A circulação do livro foi proibido pela Justiça devido ao autor se autointitular "Eduardo Cunha".

Apesar de, já na capa, o nome de Eduardo Cunha vir seguido do termo "Pseudônimo", a Justiça entendeu que a obra poderia causar confusão no leitor, já que existe a expectativa de que o próprio ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba, escrever um livro sobre o tema impeachment.

Em comunicado à imprensa, a Record alega que "jamais divulgou que o livro é uma autobiografia ou algo do gênero. Do mesmo jeito, fica claro na capa que o autor não é o senhor Eduardo Cunha, mas, sim,um pseudônimo, recurso artístico bastante antigo".

A editora afirma ainda que o tema do livro é um romance e que "vê com grande preocupação o impedimento à circulação de uma obra ficcional".

Leia um trecho da obra:

“Hoje cruzei com o Pallocci. Teve a coragem de colocar a mão em mim e disse que vai ficar tudo bem. Para os do PT nunca mais vai ficar. Eu conheço a história política desse país abandonado por Deus, então vou poder mostrar como os do PT foram se aninhando no poder e tomando conta de tudo. Os do PT adoram o Estado cuidando da vida dos outros.

Agora o Estado está trazendo todos presos aqui. Bem feito.

Escolhi a primeira frase do meu livro, uma citação: ‘A história vai ser gentil comigo, pois vou escrevê-la’. Winston Churchill.

Se estou hoje aqui, por causa dos do PT, também tenho essa missão. Resolvi começar meu livro Impeachment com o PC Farias para mostrar que não está todo mundo a salvo. Já caiu a Dilma, o Temer não está tão protegido como acha. Não recebi nenhum recado até agora, mas os rapazes de serviço não querem falar comigo e o advogado claro sabia que estavam gravando.

Uma dificuldade por aqui: contratar serviços.

Ainda não consegui organizar tudo porque estou completando a leitura. Deus está comigo nessa missão.”

Leia a nota da Editora Record:

"A Editora Record informa que interpôs, na última sexta-feira, 7 de abril, recurso no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro solicitando, entre outros pedidos, a liberação do romance "Diário da cadeia".

Acreditamos que esse é o momento oportuno para alguns esclarecimentos:

- A editora jamais divulgou que o livro é uma autobiografia ou algo do gênero. Do mesmo jeito, fica claro na capa que o autor não é o senhor Eduardo Cunha, mas, sim,um pseudônimo, recurso artístico bastante antigo;

- O livro está registrado como um romance e começou a ser distribuído, antes da proibição, como uma obra de ficção para as livrarias;

- A editora vê com grande preocupação o impedimento à circulação de uma obra ficcional.

Dessa forma, a Editora Record renova sua mais absoluta crença na liberdade de criação, na circulação livre e ampla da literatura e no aspecto desafiador da ficção.

Na verdade, nossa crença é na democracia. Vamos lutar por ela, por nossos livros e por nossos autores até o nosso último recurso. Essa é uma das funções mais importantes de uma editora e dela não abriremos mão."

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