segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Não veja "Tropa de Elite"

Anos atrás, ainda na faculdade, comprei o livro "Rota 66: A História da Polícia que Mata", de Caco Barcellos. Foi durante uma palestra do próprio autor para estudantes de jornalismo na UEL, em Londrina. Nunca li o livro. Histórias de torturas e outros abusos policiais me provocam um incômodo daqueles que prefiro evitar. Talvez pelo fato de meu pai ter sido policial – a maior parte da vida, policial rodoviário -, apesar de me negar a acreditar que ele pudesse ter algum dia na vida praticado um ato de abuso. Talvez pelo simples sentimento de indignação a que todos estamos sujeitos em casos de agressões a vítimas indefesas, mesmo que essas vítimas sejam bandidos. O problema é que em grande parte dos casos, trata-se de pessoas inocentes.

Pelo mesmo motivo que não li o livro, ainda não decidi se vou assistir a "Tropa de Elite", de José Padilha. O filme, que teve seu lançamento antecipado no Rio e em São Paulo devido à pirataria, já foi visto por 180 mil pessoas só nos cinemas. Acredita-se, porém, que 20% dos paulistanos já tenham assistido à obra em DVDs piratas. Ficaria decepcionado por perder um bom filme – e, ao contrário do que dizem alguns imbecis, há, sim, excelentes filmes nacionais -, aplaudido por crítica e público e que vem gerando polêmica Brasil afora. Mas ainda não sei se duas horas de confronto com a realidade da polícia brasileira, ainda que, teoricamente, num momento de distração, compensariam dias de gastrite nervosa.

Um comentário:

Samantha Abreu disse...

Apesar disso, se eu fosse você... não perdia.

O Filme mostra muitas faces de um mesmo problema e, sinceramente, eu achei que o lado corrupto e sujo da polícia foi o menos abordado.

Consegui filtrar e direcionar minha ótica à denúncia de uma juventude imbecil, sem nenhuma visão política-social e sem nenhum senso crítico.
Achei muito boa a abordagem do filme quando coloca a situação do tráfico sustentado por baseados comprados por playboys (na maioria das vezes).
Em certo momento da narração, o tal capitão-personagem diz: "me pergunto quantas crianças nós ainda vamos perder para o tráfico para que um playboy possa acender um baseado".
Achei fantástico. Os diálogos do filme são ricos.

Vale a pena. Que exitem policiais corruptos a gente tá cansado de saber, mas vale ver, no filme, o lado de quem luta pra fazer a coisa certa.

Beijos!