terça-feira, 7 de maio de 2013

A morte e a lucidez do jornalista Eduardo Hiroshi

A morte assusta. Mortes "inesperadas" dão "um ruim", como diz o curitibano. Mortes trágicas apavoram. E quando ela, de alguma maneira, tem alguma relação com a gente, seja por se tratar de alguém conhecido ou na mesma área de atuação, parece que está ainda mais perto. Mas o que me comoveu ao ler a notícia do suicídio do jornalista Eduardo Hiroshi, do Agora São Paulo, não foi apenas o fato de também ser jornalista. Mas a lucidez da decisão. Segundo relatos, Eduardo trabalhou normalmente ontem pela manhã. Seguiu para casa na hora do almoço e não mais voltou. Minutos antes de se jogar pela janela do prédio onde morava, na Vila Mariana, mudou a foto no perfil do Facebook para uma simpática e quase risonha imagem de si mesmo em preto e branco. E deixou um lúcida e bela carta de despedida, que reproduzo abaixo. Não havia dúvidas em seu íntimo sobre a decisão tomada. A decisão de um repórter corajoso. Até a próxima.

Eduardo e sua última imagem
“Bom, pessoal, é isso. Nos últimos dias contei várias histórias e recuperei fotos de viagens porque queria relembrar bons momentos e dividi-los com os amigos. Mas o retorno para a realidade é mais difícil.

Obrigado a todos pela audiência, pela presença e pela amizade. Se não deu, é porque a vida nos reservava outros planos. Parto para outra e não sei o que vou encontrar. Mas espero aos amigos que ficam que encontrem paz, saúde e felicidade.

Obrigado a todos os meus colegas de trabalho, atuais e do passado. Um agradecimento especial aos que me deram oportunidades de trabalho: Célia e Irene, em meu primeiro emprego no setor automotivo, na Volkswagen de São Carlos no ano 2000; Eliane e Duarte, pela chance no Agora em 2003; Guerrero e Lucas, pela Car and Driver em 2008; e Cesar e Toninho, pela oportunidade do retorno ao Agora em 2010.

Tenho muitos amigos e não quero fazer agradecimentos ou homenagens especiais porque certamente seria injusto ao esquecer vários nomes. Mas quero que todos saibam o quanto vocês foram importantes em minha vida. Amei poucas mulheres, mas de forma sempre intensa; a cada uma delas, mil beijos no coração.

Quero fazer um agradecimento especial ao meu pai, que nunca me abandonou mesmo em tempos difíceis. Em nome dele, agradeço a todos os membros das famílias Komatsu (materna) e Kawauche (paterna).

Antes que eu me arrependa: Adeus. Até a próxima”.
Eduardo Hiroshi (1977-2013)

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