sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Reflexões em um país destruído

A mãe é sorridente, alegre e simpática. Tenta vender, no sinal, paçoquinhas ou coisa assim. O dia todo, todos os dias. Os filhos, duas crianças, nesse frio incomum de Goiânia, abrigados em barraca armada na ilha da esquina providencialmente. Proteção que o Estado não dá. Que a sociedade não se importa. Que os motoristas passam indiferentes. Uma situação que muitos amigos, conhecidos e parentes aprovam, ao apoiar o governo que destruiu o País e despreza os não-self-made-men. Aqueles que, ora, não ficaram ricos simplesmente porque não quiseram.

Eu não vivo na mesma frequência do Mundo. Na verdade, não vivo na mesma frequência do lugar-comum, dos comunzinhos, porque o mundo é de todas as frequências. Eu não vivo na frequência da tradicional família brasileira da mulher, marido e amante – hipocrisia, aqui, passou longe. E, como diria Sidónio Muralha, “pago o preço”. Eu não vivo na frequência da igreja que prega o uso de armas pra resolver divergências. Que prega a agressão – deem um Google – a adversários. Não vivo na frequência de quem acha comum furar o sinal, estacionar na vaga do idoso ou do deficiente como se fosse a coisa mais natural… do Mundo. Eu não me importo de ser deslocado da realidade quando a realidade é essa daí. Me cobrem coerência. Mas não me peçam falsidade.

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