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quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

DCM deve explicações sobre falsa morte do Coronel Siqueira

No jargão jornalístico "barriga" é o termo usado para designar uma notícia equivocada, um fato informado que depois descobre-se ser falso. É o que parece ter ocorrido com a notícia da morte do autor do famoso personagem Coronel Siqueira, um suposto bolsonarista raiz que apoia tudo o que o Mito faz de errado - ou seja, tudo.

Ao embarcar, aparentemente sem questionar, na história contada pela viúva de Sergio Liotte, Patrícia Liotte, de que o jovem falecido marido era o criador do perfil e a conta havia sido "roubada" por supostos coautores, o Diário do Centro do Mundo inflou a internet, primeiro, pela notícia em si, depois, pela insistência na informação mesmo com o desmentido de outra pessoa que garante ser o criador da conta.

A história ganhou ares de surrealismo, com matérias em órgãos de imprensa, ora duvidando do DCM, ora duvidando do "vivo" Coronel Siqueira, com acusações de falsidade de ambos os lados. Também fiquei em dúvida no início, confesso.

Mas, ontem, em um Space, serviço de conferência por áudio do Twitter, o Coronel Siqueira que permanece vivo, me parece, erradicou qualquer dúvida em relação a ser ele mesmo o criador do perfil. A cronologia apresentada, os prints das conversas com jornalistas de outros veículos, o desenrolar dos fatos deram total verossimilhança a sua versão.

Pra mim não resta mais dúvidas de que o jovem que vive na Europa seja realmente o criador e o alimentador da conta - o único, como ele mesmo diz. Há questões claras que indicam isso. A principal prova, na minha avaliação, é sua coluna na Carta Capital. Ora, se o criador do personagem no Twitter era mesmo Liotte, por que ele nunca se manifestou pelo fato de ter outra pessoa assinando uma coluna em seu nome? Parece óbvio, não? Outro fato interessante é que a foto que estampa o perfil do Coronel foi criada em uma aplicativo, é artificial, ao contrário da afirmação da viúva de que se tratava de um tio comunista.

Mas, no final das contas, o que deixou especialmente a esquerda perplexa foi a virulência do DCM contra o verdadeiro Coronel e contra a própria Carta Capital, ambos os veículos do mesmo espectro ideológico. Siqueira disse que foi acusado aos berros de ter roubado a conta pelos integrantes do DCM, de quem, pasmem, ele já foi parceiro.

A Revista Fórum também comprou a versão do DCM, numa espécie de primos pobres contra a prima rica da esquerda. A Fórum, inclusive, que acompanhava o Space ontem, deixou a conferência assim que o Coronel Siqueira mostrou que uma repórter da revista exigia cópia de sua identidade para provar que ele era ele mesmo. Estranho, tudo muito estranho.



De qualquer forma, após a repercussão negativa contra o DCM e a fragilidade da história contada, o repórter responsável pela barriga, Fabrício Rinaldi, parece ter se dado conta de que caiu em um golpe. Ontem, falava em aguardar o luto da viúva para receber as provas que ela garantia ter sobre a autoria da conta. Mas já não mantinha a mesma veemência das afirmações anteriores.

O DCM, assim como a Fórum e o Brasil 247 são importantes trincheiras da esquerda, ao lado, claro, da Carta Capital. Ninguém sabe exatamente o que aconteceu entre os veículos e seus editores, a não ser eles mesmos, que resultou na história mais bizarra da internet nos últimos tempos. O DCM, se quiser manter sua credibilidade, deve explicações a seus leitores e financiadores. Deve explicar, como já se perguntou por aí, a quem interessa matar o Coronel Siqueira e criar rusgas entre veículos que deveriam ser parceiros, até onde eu entendo.

Barriga acontece. Humildade e coragem para corrigir o erro são exigências.