quinta-feira, 22 de julho de 2021

Pra não esquecer, general Heleno: "Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão"

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general Augusto Heleno, em 2018, desprezava os, agora, novos mandatários do governo que ia "mudar tudo isso aí, talkey?". Em convenção do PSL que lançou Jair candidato a presidente, Heleno cantava alegremente, arrancando palmas e risos da plateia: "Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão".

Pois bem. Agora, com Ricardo Barros, Ciro Nogueira e outros no governo, além do apoio incondicional do mensaleiro e ex-presidiário Roberto Jefferson, o Centrão dá as cartas e virou o novo queridinho de Bolsonaro.

O mundo, como se diz, capota. E a cada dia Bolsonaro vem se revelando o que sempre foi: um medíocre de marca maior.

Canta, general, canta:



Quinze anos depois, ele continua correndo de costas na BR-153

Em dezembro de 2005 eu publiquei a crônica "Quando Penso em Seguir em Frente" na versão impressa da Tribuna do Planalto. Era sobre uma figura que eu via quase todos os dias correndo de costas na BR-153. Passei um bom tempo tentando recuperar esse texto - não lembrava que tinha guardado o jornal - para organizar uma coletânea de crônicas. Encontrei recentemente. E, essa semana, após 3,5 anos de retorno a Goiânia, a surpresa: encontrei novamente o corredor às avessas, no mesmo trecho urbano da rodovia. Parei arriscadamente e já lá na frente pra fazer o registro, que obviamente não ficou muito bom. Mas achei muito interessante ver que ele ainda corre por aí.

Abaixo, a crônica.

Quando penso em seguir em frente

Há um rapaz estranho em Goiânia. Porque achamos estranho quem não é como a gente. Quase todo mundo sabe de quem se trata, mas duvido que alguém o conheça de verdade.

É relativamente fácil encontrá-lo. Está sempre, talvez todos os dias, fazendo cooper no acostamento da BR-153, aquela que liga o Brasil de norte a sul.

Não há nada de errado em se fazer exercícios físicos. Dizem os especialistas que faz bem à saúde, ao coração e aos fabricantes de calçados. Aconselham apenas cuidado na escolha do horário: início da manhã, final de tarde.

O nosso corredor, eufemisticamente desgrenhado, mal calçado, às vezes sem camisa, tem uma peculiaridade que o diferencia de todos os outros esportistas: corre de costas. Nosso quase mendigo, talvez quase louco, possivelmente quase normal, usa o perigoso acostamento da rodovia pra sua corrida, talvez diária, de marcha a ré. E sem olhar pra trás – ou pra frente.



Onde quer chegar nosso amigo? É a pergunta que me faço sempre que o vejo, como hoje. (Ele não toma os cuidados aconselhados pelos especialistas. Eram duas horas da tarde, sob pleno sol do cerrado). Estaria fugindo do que o espera?

Alheio às perguntas e à curiosidade dos motoristas que rompem, apressados, o trecho urbano da BR-153, ele segue sempre em frente – ou pra trás. Mãos, braços em movimentos ritmados, largados pra trás, como que tateando o caminho que ele não vê. Há os que não podem enxergar. Ele optou por não ver.

Pro atleta solitário as coisas nunca estão se aproximando. Tudo vai ficando distante. Ele não espera nada, apenas se despede. A fome que passou ontem ficou lá atrás, em frente ao estádio. Na curva do shopping descansa a última indiferença. Derrapa na pista molhada a vida que não existiu.

Aquelas mãos jogadas pra trás, em compasso binário, ditam o ritmo cadenciado da corrida. Corrida a favor e não contra o tempo. Há pressa nesse caminho?

Os carros passam pro serviço, pra escola, pra São Paulo, pra Belém. Ele permanece indiferente, sempre o mesmo ritmo. Não há preferência no sentido. Mas há que se lembrar: ele sempre segue pra onde nunca chega.

Um dia vou perguntar ao nosso homem o motivo de correr pra trás. Caminharia ele assim também? O que me responderia o atleta às avessas? Diria que correr pra trás é melhor do que seguir em frente e não chegar a lugar algum?

Eu, que sempre pensei ter andado pra frente, pergunto-me se, assim como nosso amigo, não tenha sempre corrido pra trás.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Hospital da UFPR busca voluntários para novo tratamento contra covid-19

O Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) está em busca de voluntários para testar um novo tratamento para a covid-19. Trata-se do antiviral Molnupiravir e a iniciativa é internacional. As informações são da jornalista Jess Carvalho, do site Plural.

Segundo a reportagem, "os testes clínicos preliminares indicaram segurança e eficácia, mas o estudo deve passar por mais uma etapa de testes e precisa de voluntários para que esse tratamento possa ser validado".

Para participar, os critérios são os seguintes: 

  • Ter testado positivo para Covid nos últimos 4 dias;

  • Ter a confirmação via PCR ou teste rápido com até 5 dias do início dos sintomas;

  • Não ter recebido nenhuma dose de vacina contra a doença;

  • Apresentar ao menos um fator de risco: idade maior que 60 anos, obesidade, doença renal crônica, diabetes, problemas cardíacos graves, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou câncer ativo.

Para os paranaenses interessados, este é o contato: (41) 99116-0066. 

terça-feira, 13 de julho de 2021

Braga Netto terá que ir à Câmara explicar ameaças ao trabalho de parlamentares

Braga Netto (último à esq.) deverá comparecer à Câmara (F: Divulgação)
A Comissão de Fiscalização e Controle aprovou requerimento do deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) e o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, terá que ir à Câmara para explicar nota, em tom de ameaça, contra o trabalho realizado pela CPI da Covid no Senado. “Não vamos aceitar intimidação ao trabalho parlamentar de fiscalização de agentes públicos. A lei é para todos, doa a quem quer. O papel das Forças Armadas e do Ministério da Defesa não é tentar esconder irregularidades e atacar quem investiga corrupção, mas sim identificar e responsabilizar quem comete crime”, afirma o deputado. O requerimento foi subscrito pelos deputados Kim Kataguiri (DEM-SP), Léo de Brito (PT-AC), José Nelto (Podemos-GO), Padre João (PT-MG) e Hildo Rocha (MDB-MA).

A nota, assinada por Braga Netto e pelos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, afirma que “As Forças Armadas não aceitarão ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”. Foi um ataque ao presidente da CPI, senador Omar Aziz, depois que ele afirmou que há muitos anos “o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”.

Irregularidades


Ao defender o requerimento na Comissão, Elias Vaz reforçou que as Forças Armadas não estão imunes a práticas irregulares. E contou detalhes de representação que fez na semana passada, com outros deputados do PSB, ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União de indícios de fraude em licitações das Forças Armadas para beneficiar empresas ligadas a militares e a um ex-capitão do Exército expulso por irregularidades e condenado em 2019 por corrupção. O esquema pode ter movimentado R$150 milhões no fornecimento de alimentos para as Forças Armadas. Só o grupo econômico ligado ao capitão expulso já venceu R$47 milhões em processos de compra em 2020 e no primeiro semestre deste ano. Todas as empresas funcionam no Mercado Municipal de Benfica, no Rio de Janeiro.

O parlamentar também revelou, em fevereiro, compras milionárias de picanha, cerveja, bacalhau, filé mignon e salmão para atender Exército, Marinha e Aeronáutica. O Ministério Público Federal abriu processos de investigação em vários estados. “Nós defendemos a democracia e faz parte do processo democrático e das funções do parlamentar investigar o poder público e os órgãos mantidos com o dinheiro do povo”, destaca Elias Vaz.

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Por "ameaças à Democracia", movimentos de direita vão às ruas contra Bolsonaro

Parlamentares e movimentos de direita anunciam protestos (F: Livres) 
Responsáveis pelos protestos que levaram ao golpe contra Dilma Roussef e a consequente eleição de Bolsonaro, agora os movimentos de direita Livres, Vem Pra Rua e MBL convocam protestos pelo impeachment do atual presidente. “Convoco a todos e todas que se sentem representados pelos movimentos de oposição ao presidente Bolsonaro, que se juntem a nós e que vão às ruas no dia 12 de setembro”, afirmou o cientista político e diretor-executivo do Livres, Magno Karl.

Em entrevista coletiva na Câmara dos Deputados, o diretor-executivo falou sobre a urgência do momento e pediu unidade entre as várias correntes ideológicas que convergem na oposição a Bolsonaro. "Para a gente é muito importante fazer parte desse momento. É um momento que a gente precisa reconhecer que todas as nossas divergências políticas precisam ser colocadas de lado. O momento é de união. As nossas instituições estão em perigo. É um momento equivalente à união do povo em 1985. Precisamos ir às ruas defender a democracia de forma literal”, declarou Karl.

O cientista político, pediu reflexão sobre as falas de Bolsonaro contra o sistema eleitoral brasileiro e como esse comportamento é uma ameaça à democracia, conquistada com muito esforço, após 21 anos de ditadura. “Pensem quantas vezes nós vimos o presidente da República falar que as nossas eleições são fraudadas. Desde as Diretas Já, nunca foi tão necessário que coloquemos nossas bandeiras políticas de lado e nos sentemos à mesma mesa”, falou o diretor-executivo.

Para Karl, Bolsonaro sempre foi incapaz de liderar o Brasil. “A gente não pode ficar à mercê de um presidente que jamais teve condição de governar e isso ficou muito evidente ele foi chamado a agir, quando nos deparamos com uma pandemia seríssima”, disse.

O deputado federal DEM/SP Kim Kataguiri explicou sobre a escolha da data, reforçou que o ato é para todos e suprapartidário. “A nossa responsabilidade de chamar uma manifestação no momento que a vacinação vai estar avançada. A manifestação é ampla, todos serão bem-vindos, justamente por isso, nenhum ato de vandalismo e violência vai ser aceito”, concluiu.