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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Anunciantes ignoram vitimização da Gazeta do Povo e mantêm exclusão de anúncios

Veículo que reclama de perseguição demitiu colunista líder de audiência por ser considerado de esquerda, após pressão de leitores extremistas

Apesar da matéria apócrifa publicada pela Gazeta do Povo acusando os que pedem a interrupção da publicação da coluna de Rodrigo Constantino no site paranaense de “milicianos digitais”, os anunciantes não se convenceram. Dia a dia um novo patrocinador atende aos apelos, capitaneados pelo Sleeping Giantes Brasil, e decidem não associar sua marca a conteúdos que disseminam o ódio e fake news. A própria Gazeta diz que pelo menos 13 patrocinadores deixaram de exibir suas propagandas no site.

Ao contrário do que tenta fazer parecer o site, ninguém está desejando o fechamento da Gazeta. O pedido é para que eles sigam o exemplo de outros quatro veículos que dispensaram Constantino após ele culpabilizar algumas vítimas por seu próprio estupro, ao comentar a repercussão do caso Mariana Ferrer.

Para a Gazeta, as explicações do Constantino, que também disse que não denunciaria estupradores caso a situação da mulher – como estar bêbada ou participando de festas com homens – induzisse ao crime e que chamou feministas de “vadias” são suficientes para “esclarecer o mal entendido”.

Interessante relembrar que, ao demitir um de seus principais colunistas, no ano passado, a pedido de leitores de direita extremistas, Rogério Galindo, por ser considerado uma voz de esquerda dentro da publicação, a Gazeta não se referiu a essa pressão como perseguição à liberdade de expressão ou mesmo resultado de uma milícia digital, o que revela o caráter dual com que o site analisa as manifestações que recebe.

O fato é que os patrocinadores não se deixaram levar pela vitimização da diretoria da Gazeta. A empresa de cosméticos sustentáveis The Body Shop, por exemplo, respondeu assim ao aviso do Sleeping Giants: “(…) o anúncio no site Gazeta do Povo foi bloqueado no momento em que vocês nos notificaram. (…) Apoiamos o movimento e bloqueamos sempre que encontramos sites que propagam fake news e discursos de ódio”.

A marca de camisetas Reserva também se posicionou: “Estamos passando para avisar que nos reunimos com o time e fizemos uma varredura para saber se tínhamos algum anúncio no jornal Gazeta do Povo ou em qualquer meio de comunicação que apoiasse, mesmo que indiretamente, a Cultura do Estupro e retiramos imediatamente. (…) Vocês poderiam divulgar o nosso posicionamento? Queremos que todos saibam que o nosso posicionamento está alinhado com nossa missão de cuidar das pessoas!”.

A gigante Alegra Foods seguiu no mesmo caminho: “Repudiamos qualquer discurso de ódio. Já estamos suspendendo os anúncios no site apontado. Muito obrigada por nos alertar.”

Ao insistir em ir contra o bom senso e a favor da disseminação de informações falsas e opiniões que colocam em risco a saúde de milhões de pessoas, como as críticas ao distanciamento social, ao uso de máscaras e à minimização da pandemia de Covid-19, explicitamente defendidas por Constantino, a Gazeta decidiu se aliar a seus sectários leitores. Resta saber se conseguirão sobreviver e, um dia, recuperar a credibilidade.


Em tempo

Deixo explícita, aqui, minha solidariedade aos 120 funcionários da Gazeta, alguns ex-colegas de trabalho, que, arriscando seus empregos, assinaram uma carta de repúdio à permanência de Constantino no site.