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terça-feira, 18 de maio de 2021

Cerca de metade das famílias venderam itens pessoais para conseguir renda extra, aponta pesquisa

Pandemia fez aumentar o comércio informal (freepik)
A pandemia da Covid-19 mudou a dinâmica das famílias brasileiras, inclusive em sua forma de conseguir renda. A Acordo Certo, empresa de renegociação de dívidas, realizou uma pesquisa com mais de 1.100 respondentes e identificou que quase metade (49%) dos entrevistados tiveram algum familiar vendendo itens pessoais para conseguir uma renda extra, desses, 91% por causa da pandemia.

Diante do cenário econômico, 77% gostariam de ter uma atividade extra para conseguir mais dinheiro, porém, não sabem o que fazer. Além disso, atualmente, quase metade (47%) têm o trabalho fixo como principal fonte de renda e 27% afirmam possuir renda proveniente de uma atividade extra.

“As pessoas passaram a vender os itens de casa como uma alternativa para quitar as contas em atraso ou para comprar itens básicos. Além de desapegar de produtos que não estão mais sendo usados dentro de casa como móveis, roupas, etc., como maneira de compor a renda. Esse movimento passou a ficar mais frequente devido ao aumento do desemprego, bem como às reduções nos salários, devido a diminuição das jornadas de trabalho”, avalia Thales Becker, CMO da Acordo Certo.

Dentre as pessoas que realizam algum tipo de atividade extra, as atuações relacionadas à própria profissão ou trabalho fixo lideram o ranking com 22%. Em seguida, foram identificadas atividades domésticas (19%), venda de comida (17%), venda de produtos de catálogo (13%), venda de vestuário (10%) e direção como motorista de aplicativo (9%). Quase metade (48%) desses trabalhadores assumiram essas funções por causa da pandemia.

“As pessoas estão mais em casa e com isso, é inevitável que despesas como água, luz, alimentação e gás aumentem. Para complementar a renda familiar e conseguir cobrir esses custos adicionais, percebemos que as famílias têm buscado soluções para driblar a crise. Diante desse cenário, é importante hierarquizar as prioridades financeiras e fazer o melhor uso possível do dinheiro”, reitera Becker.

Ainda segundo a pesquisa, pagamento de dívidas ou contas em atraso (40%), perda do emprego fixo (37%) e aumento das contas dos domicílios (31%) foram os principais motivadores para início da atividade extra.

Auxílio Emergencial

Outra fonte de renda extra usada pelos entrevistados da pesquisa foi o Auxílio Emergencial. Segundo o levantamento, mais da metade (53%) dos respondentes afirmaram que receberam o benefício em seus domicílios. Desses, 85% alegam que tiveram a renda prejudicada com o fim do benefício e que faltou dinheiro para prover o básico durante esse período (30%).

Mais da metade dos consumidores estão contando receber a nova rodada do auxílio emergencial. Desses, grande parte declara que irá usar o dinheiro para comprar alimentos ou itens básicos (68%), pagar contas do dia a dia (42%) ou dívidas atrasadas (35%).



terça-feira, 10 de março de 2020

Um conselho infeliz para o destino do BNDES e do Brasil

Na semana em que o país é confrontado com a realidade do fiasco do crescimento econômico do primeiro ano do novo governo (o pibinho de 1,1%), um dos conselheiros de administração do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-presidente desse Conselho e ex-diretor da Casa, defende que o BNDES deveria demitir mais da metade do seu quadro de empregados.

Qual o compromisso dessa gente com o destino das instituições que são indicados a comandar?

Não se sabe ainda se estamos diante de uma opinião representativa, mas o fato é que, no mínimo, a declaração revela o tipo de política que os tomadores de decisão do atual governo contemplam. Que ousadia! Que irresponsabilidade!

O quadro de deterioração da economia brasileira não poderia ser mais transparente, incontroverso. Quaisquer que fossem os erros das políticas econômicas até 2014, e eles existiram e foram graves, a alucinada austeridade que se iniciou em 2015 como resposta — e se manteve desde então —, provou ser completamente equivocada. Completamos cinco anos de política de austeridade, incluindo nisso o contínuo desaparelhamento e encolhimento do BNDES. Começando com a extinção da taxa de juros incentivada do Banco (a TJLP), passando pelas devoluções de aportes do Tesouro e agora pela destruição da BNDESPar. Os resultados estão aí: a maior crise da história do país (a recuperação mais lenta depois de uma crise econômica); o quarto ano em que a taxa de investimento fica abaixo de 16%; encolhimento da indústria e desemprego. Tudo isso não tem precedente na nossa história.

Diferentemente da Grécia, o Brasil não está numa crise por imposição de pressão externa. Não há crise da dívida ou, por enquanto, problema no Balanço de Pagamentos. É uma crise autoinfligida. Querem melhorar a métrica dívida/PIB, reduzindo o numerador às custas da redução do denominador. Persegue-se o próprio rabo.

Manter a política de desmonte do BNDES significa aprisionar todos nós nesta trajetória sombria. Não é possível que em algum momento não se perceba que a atual política fracassou. Temos que manter a possibilidade aberta a uma alternativa, a um novo caminho. Que caminho poderia ser esse? O da retomada dos investimentos, da recuperação da indústria, dos investimentos em infraestrutura públicos ou privados. Para tudo isso será fundamental contar com um Banco de Desenvolvimento vigoroso. Por sorte temos um. Não podemos deixar que acabem com ele.

Por Arthur Koblitz, presidente da Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES)