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sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Quem diria: o Exército salvou o Brasil de um golpe

Bolsonaro e Mauro Cid: golpe (F: Alan Santos/PR)
Em 1964, quando as Forças Armadas (FFAA) promoveram o golpe de Estado que derrubou João Goulart, o movimento logo teve a adesão de conservadores e oportunistas de plantão. Inclusive, de grande parte da imprensa brasileira, que logo se viu censurada, com militares vigiando redações e jornalistas torturados e mortos. Mas era preciso "vencer o comunismo". E a desinformada sociedade brasileira enxergou nos milicos seus salvadores. Afinal, imagina ter que abrigar famílias inteiras dentro de suas casas e perder seu Fusca?

Se, à época, havia um risco, mínimo, mas real, de o comunismo ser implantado no Brasil, hoje sabemos que seria impossível. Repito: impossível. Por uma série de questões óbvias: o comunismo, enquanto força mundial, acabou; e a propriedade privada é garantida no Brasil, assim como os meios de produção estão em poder da iniciativa privada.

De qualquer forma, alguns, desinformados, e outros, espertalhões, colocaram na conta do combate ao comunismo a tentativa de impedir a posse de Lula (PT) como presidente, democraticamente eleito para seu terceiro mandato, depois de ter sido tirado do cenário eleitoral pelo ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e pela turma do ex-procurador e deputado federal cassado Deltan Dalagnol (Podemos).

Não colou. Ao menos não para o comandante do Exército no governo Jair Bolsonaro (PL), general Freire Gomes. "Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo", teria dito Freire ao presidente golpista, segundo delação de seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, como revelou o jornal Valor Econômico. 

Dificilmente haveria sucesso em um golpe. O cenário internacional não permite mais isso nas democracias modernas. Nenhum país resistiria a sanções e outras medidas que fatalmente seriam impostas pelo restante do mundo. Aí, sim, "viraríamos uma Venezuela", para usar outra referência anacrônica do bolsnarismo fanático. Seria, claramente, um fiasco.

Ainda assim, é um fato para se admirar: fomos salvos de um golpe de Estado por um militar.

terça-feira, 20 de abril de 2021

Golpe de estado no Brasil? Sonhem, viúvas da ditadura

Tenho tentado tranquilizar amigos, com o pouco de conhecimento que minha pós-graduação em Negociações Internacionais me proporcionou - gosto de citar não por pedantismo, mas para deixar claro que estudo o assunto - sobre a impossibilidade de um golpe de estado no Brasil, tema que provoca suspiros e reviradas de olhos do lunático que levaram à presidência do país.

Meus argumentos são mais focados no mercado e na política internacionais. Me parece óbvio que a aventura desejada por Jairs, milicianos e outros adoradores de cassetetes não se sustentaria internacionalmente.

Mas convido a todos a ler o artigo abaixo, que detalhou com muito mais propriedade, além das questões mundiais, os por quês domésticos que levariam tal aventura ao pior cenário possível - e a um período muito breve de duração.

Acalmem-se. Apologistas da ditadura são, no máximo, bobos.

Por que não haverá um golpe de Estado no Brasil?

*Por Igor Macedo de Lucena 

Em poucas semanas a inflação chegaria a galope e o Governo Federal seria forçado a adotar o ‘antigo remédio’ da indexação e da correção monetária, jogando-nos em um abismo de difícil volta e enterrando de vez o plano real e o tripé macroeconômico. Voltaríamos à década de 1970, tudo por causa de pessoas que não têm o mínimo apreço pela democracia e bajulam os autocratas, à esquerda ou à direita. 

Muitas das nossas exportações seriam boicotadas por causa do golpe de Estado ou mesmo por haver apenas um pretexto protecionista. Não importa a causa, isso derrubaria nossa balança comercial e nos jogaria ao longo de meses em uma nova crise cambial, forçando a desvalorização da moeda para fechar a balança comercial, o que resultaria em mais inflação.

Em poucos meses o índice de pobreza extrema chegaria aos dois dígitos, e a massa de desempregados estaria marchando nas ruas. Estudantes e a classe média se juntariam por meio das redes sociais, e o Governo assistiria incrédulo às capitais sendo tomadas por pessoas que viram sua vida ser destruída em prol de algo que fatalmente seria um desastre. 

Em poucas semanas, as revoltas internas tomariam corpo, ganhariam visibilidade internacional e seriam apoiadas pelas maiores democracias do planeta, causando não apenas a queda dos líderes do Governo, mas também a prisão de seus principais artífices. 

Não, amigos! Em um Brasil interconectado globalmente, membro do G20 e maior economia de mercado da América Latina, não há espaço para a manutenção de golpes de Estado ou governos ilegítimos. Essa seria uma aventura com pouco prazo de validade e dificilmente iríamos nos recompor na mesma década. Escrevo este texto com o intuito de mostrar como a dominância econômica se impõe sobre a política, seja ela democrática ou não, e como o nosso Brasil não aguentaria um novo golpe de Estado. 

Em minha opinião, aqueles que idolatram o regime militar ou o governo de Cuba, e pensam em adotar ideias semelhantes para o Brasil do século XXI, não têm espaço no pensamento democrático de hoje e só contribuem para o caos e a desinformação. 

*Igor Macedo de Lucena é economista e empresário, Doutorando em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa, membro da Chatham House – The Royal Institute of International Affairs e da Associação Portuguesa de Ciência Política