terça-feira, 26 de março de 2024

Gestão Caiado demite professora que teve fotos íntimas roubadas e vazadas por alunos; ou: O bolsonarismo misógino do governo de Goiás

A gente sabe muito bem como agem os defensores do lema "Deus, pátria, família". O caso do assessor financeiro Israel Leal Bandeira Neto, que apalpou as partes íntimas de uma nutricionista em Fortaleza (CE) recentemente, revela isso. Ele aparece em uma foto com a camisa da seleção brasileira, que se tornou marca dos supostos "cidadãos de bem", inaugurado pelo Bolsonarismo.

O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido), que figura como um dos suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco e apoiou Jair Bolsonaro (PL) na campanha de 2022, votou, dias antes de ser preso, vejam só, na pauta conservadora de proibir as saidinhas de presos com bom comportamento em datas especiais.

De olho no bolsonarismo em uma sonhada candidatura à presidência da República, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que sempre foi de direita, mas nunca radical, agora usa o apito ouvido apenas pela turba bolsonarista e, aos poucos, move-se em direção ao extremismo.

Caiado (esq.) e Tarcísio (dir.) sorriem ao lado de Netanyahu
Não por acaso, Caiado e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aparecem sorrindo, isso mesmo, sorrindo, ao lado do genocida Benjamin Netanyahu, enquanto 32 mil civis inocentes eram massacrados na faixa de Gaza pelo exército israelense.

Na área da educação, Caiado tem se revelado um seguidor fiel dos radicais. No início do mês, determinou a retirada do livro O Avesso da Pele - vejam só, selecionado pelo Ministério da Educação durante a desastrosa e genocida gestão Bolsonaro -, da grade curricular do Estado. 

No ano passado, pressionou a polícia a incriminar um inocente em um caso de estupro e assassinato de uma adolescente, quase fazendo com que o verdadeiro criminoso ficasse impune, não fosse o trabalho independente do setor de criminalística. Caso a falsa acusação tivesse dado resultado e o verdadeiro estuprador e assassino tivesse se safado, pouco importaria, pois o que os radicais queriam ver já estava encenado.

Tudo isso parece não ter relação com o fato que quero mostrar neste post, mas tem. Esta semana, a professora Bruna Flor de Macedo Barcelos foi demitida de uma escola estadual em Alto Paraíso de Goiás por ter - pasmem - fotos íntimas roubadas de seu celular por estudantes e compartilhada entre eles. É mais um caso de violência contra a mulher em que a vítima se torna a culpada, outra clara preferência do bolsonarismo misógino.

E como as fotos foram roubadas? Bem, ao contrário do que mostra a propaganda, com escolas distribuindo tablets para estudantes, o colégio em que ela dava aula, segundo a professora, não tem qualquer tipo de equipamento que permitisse a filmagem de uma atividade sobre discriminação racial - ora, ora, está aí outro tema combatido ferozmente pelos extremistas -, necessário para discussões em sala de aula.

E o que se espera daqui para a frente de Ronaldo Caiado? Nada menos do que uma radicalização cada vez maior de seu discurso e sua gestão.

Há que se ter estômago.

Com uma canetada, Lava Jato acabou com empresas da construção civil, diz especialista

Dez anos depois de sua primeira operação, a Lava Jato ainda é um fenômeno político-jurídico-econômico que vai demorar para ser compreendido.

De "salvação da nação" a conversas ilegais vazadas, revelando um conluio entre o ex-promotor e agora deputado federal cassado Deltan Dalagnol (Novo) e o então juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil), a força-tarefa levantou intensas discussões ao longo dos anos.

Setor que mais foi punido em razão das irregularidades comprovadas por executivos, a construção civil está num caminho de recuperar o tempo perdido, principalmente depois do STF anular uma série de acordos e, consequentemente, o pagamento de multas.

Mariangelo: a Lava Jato e o fim da indústria (F: Divulgação)
"Como o mercado da construção pós-Lava jato se tornou mais letárgico e as grandes empresas estavam impedidas de licitar com a Administração Pública, o governo lançou obras de menores dimensões, embora ainda importantes, propiciando a participação de pequenas e médias empresas. Ao que tudo indica, com a reabilitação das companhias anteriormente envolvidas com a Lava Jato, há espaço para a realização de obras mais complexas e de maiores dimensões. O setor da construção civil é importante para qualquer país, mas ganha maior relevo no Brasil, onde a infraestrutura é precária e está longe de oferecer condições que tornem o país apto a internalizar tecnologias mais modernas, incrementar a mobilidade e oferecer serviços essenciais de saúde e saneamento a todos", analisa Rafael Marinangelo, mestre e doutor em Direito pela PUC/SP, com atuação do segmento da Construção e Logística e pós-Doutor em Direito pela da USP.

Uma das críticas à operação é que ela deveria ter mirado os executivos das empreiteiras, e não as companhias como um todo. Essa visão é corroborada pelo especialista. "Ao atacar as empresas, impedindo-as de licitar com a Administração Pública, a Lava Jato acabou, com uma canetada, com estruturas empresariais imensas e jogou por terra toda a tecnologia criada e acumulada em décadas de exercício de serviços e obras de engenharia. Se essas empresas se envolveram em crimes de corrupção, bastaria punir os dirigentes responsáveis, preservando as pessoas jurídicas e os milhares de empregos que elas ofereciam. Para evitar novos desvios, poderiam ser instituídas rígidas regras de compliance e, até mesmo, algum tipo de controle das atividades pelo Ministério Público, evitando que suas atividades sofressem solução de continuidade", opina Marinangelo.

O especialista também pede cautela a respeito da crítica de que o mercado da construção civil é muito concentrado. "É preciso ter em conta que obras e serviços de engenharia são execuções complexas, altamente especializadas e de grande responsabilidade. Não é toda e qualquer empresa que está apta a executar determinados contratos. Sem a comprovação de experiência anterior, a empresa não pode ser contratada para determinados tipos de obra, sob pena de colocar em risco o projeto. Essa experiência acumulada é adquirida ao longo dos anos e, por isso, as grandes empresas de construção brasileiras, pela sua longevidade, acabam detendo um acervo técnico maior e mais diversificado, enquanto as empresas menores e mais jovens não o detêm", explica.

E afinal, o que mudou na mentalidade das empresas após o fim da Lava Jato? "As empresas investiram fortemente em programas de compliance e estão empenhadas em bem desenvolver suas atividades, sem os percalços pelos quais passaram à época da Lava Jato. Por isso, acredito que teremos um mercado mais maduro e consciente para os próximos anos", opina o especialista.

Rafael Marinangelo, pós-Doutor pela Faculdade de Direito da USP, detém experiência e atuação na área de Direito da Construção, Contratos de Construção, Contratos Empresariais, Direito Civil, Direito da Propriedade Industrial, Direito de Autor e Procedimentos Arbitrais. Participou como consultor jurídico de obras como a transposição do Rio São Francisco, do Metrô de São Paulo, de saneamento realizadas pela Sabesp, obras aeroportuárias para a Copa de 2014, além de obras de barragens e rodoviárias em todo o Brasil

De tempos em tempos

Este blog, que remonta aos primórdios da internet no Brasil, no ar desde 2001, tem suas fases e fases. algumas delas o deixam por consideráveis períodos sem atualização. Novos tempos, as mídias sociais muitas vezes fazem papel semelhante de forma mais imediata e vida que segue. Continuamos no ar.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Atos isolados e intolerância política não podem acabar com democracia dos bares, diz Abrabar

Uma sequência de atos isolados e violência física e psicológica envolvendo intolerância política ganhou as manchetes da imprensa nacional nos últimos meses. Estas ações não podem por em risco a democracia e a tolerância que sempre norteou a gestão de bares e casas noturnas de Curitiba e em todo o Brasil, afirma a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) e a Federação Paranaense de Turismo (Futurismo), entidades associadas à Confederação Nacional de Turismo (CNTur).

Fotomontagem: William Henrique 
“Esse ponto que chegou, com estes fatos envolvendo violência por intolerância política preocupa muito a nossa categoria, pois está acabando a paz total e pequenos atos isolados incendeiam este clima beligerante cada vez mais em todo Brasil e Curitiba não esta imune”, disse Fábio Aguayo, presidente da Abrabar. “Só que todos os lados estão fazendo mal para todos. Estamos virando um hospício com liberdade de vendas de bebidas e direito de dançar”, ressaltou.

As notícias envolvendo casos de violência e até homicídios por defesas extremistas de políticos e ideologias, ganham destaque quase que diariamente na imprensa do país. No Rio de Janeiro, um homem entrou no bar, e após consumir bebida alcoólica, atacou e quebrou uma placa com o nome da ex-vereadora Marielle (morta a tiros em 2018) e um quadro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Beligerância
Em Curitiba, a proprietária de um bar que se intitula anti-Bolsonaro, diz que prefere “falir a servir fascista”, como ela define apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. No Mato Grosso, a Polícia Civil confirmou que um apoiador de Bolsonaro foi morto após uma discussão por divergências políticas. Em Foz do Iguaçu, no Paraná, um ex-agente penal defensor do ex-presidente matou a tiros um ex-guarda municipal durante sua festa de aniversário, que tinha como tema Lula e o PT.

“Os bares e restaurantes sempre foram espaços democráticos, caracterizados pela tolerância a diversas perspectivas”, recordou Fábio Aguayo. No entanto, segundo o presidente da Abrabar, ultimamente esses locais têm se transformado em palco de disputas entre diferentes 'lados', resultando em discussões fúteis e, lamentavelmente, até em agressões gratuitas”.

“Infelizmente, parece que esquecemos do sábio ditado que costumava prevalecer nos bares: 'não se discute futebol, política e religião'. Esse princípio mantinha a harmonia entre os frequentadores, independentemente de suas crenças, opiniões políticas ou preferências esportivas. Todos compartilhavam o mesmo espaço, brindando à vida e à boemia, respeitando os líderes, dogmas e times de coração uns dos outros”, completou.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

O coronel, a polícia coagida e os justiceiros de plantão

“É absurda e revoltante a flexibilização da legislação”. Com essa declaração, entre aspas, indignada, o Governo de Goiás noticiou a ida do governador Ronaldo Caiado (UB) ao velório, no último domingo, da jovem Amélia Vitória de Jesus, de 14 anos, brutalmente violentada e assassinada na semana passada.

Prontamente, a declaração foi reproduzida pela imprensa, talvez cansada, talvez irresponsável ou, talvez, apenas interessada nos altos valores recebidos do governo. Ninguém, ninguém mesmo para perguntar ao governador – ou, no íntimo, a si mesmo – sobre qual “flexibilização” ele falava. Houve alguma mudança no Código Penal brasileiro que tenha reduzido penas, afrouxado punições?

Pelo contrário. A lei nº 13.104, de 2015, no governo Dilma Rousseff (PT), tipificou o feminicídio, aumentando as penas para crimes cometidos contra mulheres devido ao gênero. Inclusive, aumentando em 1/3 quando cometido contra adolescentes menores de 14 anos.

Por que, então, Caiado teria inventado – e sua máquina de comunicação reproduzido com tanta ênfase – uma suposta “flexibilização”?

Ora, basta ter dois neurônios para deduzir. Envolto em sua bolha de elogiadores e incentivado a disputar uma improvável Presidência da República em 2026, Caiado quer se colocar como herdeiro político do inelegível Jair Bolsonaro (PL). Não é de hoje que tem buscado aparecer ao lado do extremista em suas andanças por Goiânia.

O discurso de justiçamento contra criminosos (e suspeitos, como é o caso) cola como adesivo instantâneo na horda bolsonarista, sedenta de sangue. E imputar uma suposta – esta, sim, criminosa – ligação dos políticos de esquerda com o crime, como tentam fazer com Lula (PT) e, mais recentemente com o ministro da Justiça Flávio Dino (PSB), inclusive com montagens grosseiras feitas no Paint, cola mais ainda.

Apesar da declaração do governador, em nenhum momento as reportagens citam qualquer “flexibilização”, tratando, apenas, e com todo o direito, de criticar o atual Código Penal. Obviamente, porque não há.

A declaração de Caiado, o sentenciamento sumário de um inocente, neste caso, pelo governador, coagiu a polícia a prendê-lo uma segunda vez – ele já havia sido interrogado e solto, por falta de provas – e dar nome, imagem e endereço para a imprensa, igualmente sedenta de cliques. Foi o que bastou para que sua casa fosse incendiada e, provavelmente, faltou pouco para um linchamento.

“Ah, mas ele já responde por estupro”. Ok. Vamos discutir o endurecimento do Código Penal? Vamos. Também acho um absurdo um assassino, por exemplo, passar apenas seis anos na cadeia. Mas essa é outra história. Indignação não pode ser motivo para imputação de falsos crimes a outras pessoas. Especialmente por autoridades que devem guardar a jurada Constituição.

Um ator incentivando a leitura

Olha que interessante: longe dos holofotes, o ator Luciano Szafir tem se dedicado a um projeto bacana, o incentivo à leitura. Presidente do Instituto Formando Leitores, lançado durante a última edição da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, Szafir também integra o Grupo LJS Educar, que desenvolve projetos educacionais pelo país.

Afirma que cerca de 90.000 kits pedagógicos já foram distribuídos para instituições de ensino, beneficiando 450.000 usuários, entre professores, estudantes e seus familiares. A parceria se dedica a fomentar a leitura entre estudantes da rede pública através de projetos que já alcançaram diversas cidades.

Entre os projetos estão atividades de responsabilidade social, pesquisas, campanhas literárias, cursos, capacitações, avaliações de resultados de projetos literários, palestras, debates e simpósios.

Considerando a estimativa de que cada brasileiro lê, em média, menos de três livros completos por ano – e que quase 100 mil estudantes zeraram a redação no último Enem -, é um bom exemplo.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

E a caçada real a Telmário Mota terminou em Goiás

Telmário, preso em Nerópolis (F: Polícia Civil)
Temos que admitir: as polícias têm muita criatividade (em alguns casos) e ironia ao nomear suas operações. Não sei ao certo a origem do nome da fazenda do ex-senador bolsonarista Telmário Mota (sem partido), Caçada Real, em Roraima. Imagino ser uma ironia contra os defensores do meio ambiente e críticos da caça de animais silvestres. É típico desse tipo de cidadão de bem, defensor da família, de deus e dos bons costumes.

Gente de bem (Reprodução)
Sendo ou não sendo, o fato de a operação de busca do poderoso político, suspeito de estupro da própria filha e assassinato de uma ex-namorada, ser chamada, também, de Caçada Real, é a ironia elevada ao cubo.

Foragido desde que a justiça determinou sua prisão, Motta foi detido em Nerópolis, aqui pertinho de Goiânia, ontem à noite, pela Polícia Civil de Goiás, "a melhor do Brasil", como não se cansa de repetir o governador Ronaldo Caiado (UB). A caçada terminou. Resta à Justiça fazer seu trabalho.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Líder do Hamas diz não temer invasão de Gaza

(Reprodução YouTube/InquizeX)
Porta voz do grupo extremista Hamas, Abu Ubaida declarou não temer a iminente invasão de Gaza por terra anunciada por Israel. Em uma rede social, desafiou: "A ameaça da ocupação de lançar uma agressão terrestre contra o nosso povo não nos intimida e estamos prontos para isso".

De acordo com fontes israelenses, o grupo mantém 203 reféns escondidos em território palestino, inclusive crianças, mas isso parece não preocupar Israel, que segue bombardeando constantemente alvos civis na Faixa de Gaza, inclusive no sul, para onde ordenou que a população fugisse.

Ontem, a organização Médico Sem Fronteiras alegou que, sem eletricidade, pacientes devem morrer por falta de atendimento. Imagens de mulheres, idosos e crianças atingidas pelos bombardeios israelenses são constantes na mídia, mas não parecem sensibilizar as autoridades.

Palestinos também sofrem com a falta de água, remédio e comida, desde que se iniciou o cerco israelense à Faixa de Gaza. Na fronteira com o Egito, centenas de caminhões com doações para os refugiados aguardam liberação para entrar no país.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Coordenador de Médicos Sem Fronteiras fala em situação catastrófica de civis em Gaza

Leia a seguir depoimento de Léo Cans, coordenador de Projeto de MSF na Palestina

A situação em Gaza é catastrófica. Os hospitais estão sobrecarregados. O número de feridos é extremamente alto - há um fluxo constante em todos os hospitais da Faixa de Gaza. As equipes médicas estão exaustas, trabalhando sem parar para tratar os feridos.

Imagens diretas de Gaza e Israel (Reprodução/YouTube)
Os bombardeios são muito intensos. Prédios inteiros estão sendo destruídos, incluindo um, na noite passada, bem próximo ao escritório de Médicos Sem Fronteiras (MSF). Às vezes, as pessoas recebem uma mensagem de texto no meio da noite dizendo para evacuarem suas casas, como aconteceu com alguns dos membros da nossa equipe em Gaza. Você tem de acordar seus filhos no meio da noite e sair de casa, sem levar nenhum de seus pertences, para chegar a um lugar seguro. Mas, muitas vezes, as pessoas não sabem para onde ir. Elas se encontram do lado de fora, no meio da noite, sob uma chuva de bombas. Onde elas podem encontrar segurança?

As estimativas mais recentes são de que haja cerca de 200 mil pessoas deslocadas, principalmente pessoas que receberam essas mensagens e cujas casas foram destruídas. Elas precisam de tudo: água, um lugar para tomar banho, comida, um colchão para dormir... em resumo, são necessidades variadas, mas básicas.

Agora, o governo israelense decidiu cortar completamente o fornecimento de água e eletricidade, e a rede telefônica foi muito danificada. Nesta manhã (10/10), não conseguimos entrar em contato com nossas equipes em Gaza por telefone. Tudo isso torna extremamente difícil a coordenação das operações de resgate e o acesso aos feridos.

Hoje, em Gaza, as pessoas estão aterrorizadas. Falo regularmente com nossos colegas de lá. Eles são pessoas muito fortes porque, infelizmente, já passaram por muitas guerras, mas a situação atual está lhes causando extrema ansiedade. Eles dizem que desta vez é diferente: eles não veem uma saída e se perguntam como tudo isso vai acabar. Eles estão enfrentando um terrível sofrimento mental. Não há palavras para descrever o que as pessoas estão passando.

Quanto a MSF, estamos muito preocupados em ver que as instalações médicas não foram poupadas. Um dos hospitais que apoiamos foi atingido por um ataque aéreo e ficou danificado. Outro ataque aéreo destruiu uma ambulância que transportava os feridos, bem em frente ao hospital onde trabalhamos. A equipe de MSF, que estava operando um paciente, teve que deixar o hospital às pressas. Repetimos: as instalações médicas devem ser respeitadas. Isso não é algo que deva ser negociado.

Atualmente, MSF está doando medicamentos essenciais e equipamentos médicos para os principais hospitais da Faixa de Gaza. Também enviamos equipes cirúrgicas a dois hospitais para ajudar a tratar os feridos. Nos próximos dias, também haverá muitas cirurgias pós-operatórias a serem realizadas, já que a maioria dos feridos que recebemos precisará de várias intervenções cirúrgicas antes de serem salvos. Nesta segunda-feira (09/10), também montamos uma clínica no centro da cidade de Gaza para pessoas com outros ferimentos, que tentaremos manter aberta se as condições permitirem.

Na segunda de manhã, recebemos um menino de 13 anos cujo corpo estava quase completamente queimado depois que uma bomba caiu bem perto de sua casa, iniciando um incêndio. Esses são casos muito complicados de tratar nessas condições e, quando há crianças envolvidas, é muito difícil de suportar.

A intensidade da violência e dos bombardeios é chocante, assim como o número de mortos. A declaração de guerra não deve, em hipótese alguma, levar à punição coletiva da população de Gaza. Cortar o fornecimento de água, eletricidade e combustível é inaceitável, pois pune toda a população e a priva de suas necessidades básicas.

Léo Cans é coordenador de projeto de MSF na Palestina, atualmente baseado em Jerusalém.

Tigrão cercado de seguranças, deputado bolsonarista Amauri Ribeiro parte para cima de colega na Alego

Valentão pediu arrego (Reprodução/TV Alego)
Acostumado a pagar de machão na tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o deputado estadual bolsonarista Amauri Ribeiro (União Brasil) foi contido por colegas e seguranças ao partir para cima do deputado Mauro Rubem (PT) durante a sessão desta terça-feira (10). Mauro Rubem expunha as atrocidades históricas cometidas pelo governo de Israel contra palestinos inocentes, enquanto Ribeiro defendia a política israelense que inclui a prisão de mulheres e crianças a partir de 12 anos pelo país judeu.

Ao ser contestado, Ribeiro começou a gritar para atrapalhar a fala de Rubem, quando esse devolveu: "pare de me xingar, senão vou te chamar de 'tchutchuca' e você não vai gostar". Diante da insistência do bolsonarista, Mauro relembrou que os deputados "não iriam apanhar", como Ribeiro fez com a filha. Nesse momento, Ribeiro partiu para cima do colega, sendo contido no plenário. A sessão foi encerrada na sequência.

Assista ao vídeo:

Espancamento

Filha espancada (Reprodução/Facebook)
Mauro Rubem se referia ao espancamento de uma das três filhas de Amauri Ribeiro, de 15 anos, em 2015, quando era prefeito de Piracanjuba. À época, as imagens das agressões viralizaram e o então prefeito publicou vídeo se vangloriando dos hematomas deixados da filha.

A violência contra a mulher é uma tônica do bolsonarismo raiz. Durante os quatro anos de desgoverno Bolsonaro (PL), foram inúmeras as agressões verbais contra jornalistas e adversárias políticas, sempre aplaudidas pelos red pills.

Em 2021, a Câmara Municipal de Goiânia emitiu uma nota de repúdio contra Amauri Ribeiro por ameaças explícitas contra a vereadora Lucíula do Recanto (PSD). "A Mesa Diretora determinou nesta sexta-feira (6/8) à Procuradoria Geral a adoção das medidas legais cabíveis em defesa da honra e do livre direito de atuação, manifestação e expressão da vereadora e dos demais 34 vereadores que compõem o Plenário do Poder Legislativo da Capital.", dizia o documento.

Na própria Alego, Ribeiro, reiteradamente, tem atacado a deputada Bia de Lima, do PT, e responde a processo na Comissão de Ética por violência de gênero. Na mesma sessão em que tentou agredir Mauro Rubem, chamou a deputada de "malandra".

Tchutchuca

No final de agosto deste ano, Amauri Ribeiro foi alvo de busca e apreensão pelo Polícia Federal (PF), por ter admitido que financiou os acampamentos golpistas após a vitória de Lula (PT) sobre Bolsonaro, que resultaram na tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro.

“Eu também deveria estar preso. […] Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acampei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, declarou, em julho, durante sessão ordinária da Alego.

Após a operação, como todo bom bolsonarista, negou o que havia dito e pediu arrego ao STF.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Hamas ameaça atacar cidade israelense de Ashkelon

Em comunicado enviado hoje a simpatizantes, o porta-voz do Hamas, Abu Ubaida, ameaça atacar a cidade israelense de Ashkelon, próxima à Faixa da Gaza. O suposto ataque seria uma resposta ao cerco de Gaza, que teve água, energia e fornecimento de alimentos cortados por Israel, o que afeta civis como mulheres, idosos e crianças.

"Em resposta ao crime do inimigo de deslocar o nosso povo e forçá-lo a fugir de suas casas em várias áreas da Faixa de Gaza, estamos a dar aos residentes da cidade ocupada de Ashkelon um prazo para partirem antes das cinco horas de hoje", diz o comunicado.

A 64 km ao sul de Tel-Aviv, Ashkelon era majoritariamente árabe antes da ocupação por Israel em 1948. Em outras duas postagens, o Hamas postou um vídeo mostrando uma coletânea de imagens de movimentação de combatentes, entrevistas coletivas e destruição de supostas áreas de Israel no ataque do final de semana. O prazo termina às 11 horas de Brasília.

Líder do Hamas promete pronunciamento para hoje

Em meio à contraofensiva israelense contra Gaza, o porta-voz do Hamas, Abu Ubaida, deve fazer um pronunciamento "em breve". É o que informa o grupo nas redes sociais. Hoje, Israel diz que ao menos 1,5 mil invasores foram encontrados mortos em seu território.

Em um canal do Telegram, aparentemente criado por simpatizantes do Hamas, intitulado "Abu Ubaida, comando, ouvimos sua voz insolente", informações sobre a invasão do território israelense passaram a circular a partir de domingo. A última postagem do canal era de 24 de julho. Desde a incursão, foram postadas mensagens convocando simpatizantes para se juntar à causa do Hamas e informando sobre a operação do grupo, que é considerado "terrorista" por diversos países. Há, também, uma mensagem em áudio atribuída a Ubaida.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Moraes pede 17 anos para goiano pelo 8 de janeiro

Carmo pode pegar 17 anos (Reprodução)
O ministro do STF Alexandre de Moraes votou pela condenação a 17 anos de prisão para o goiano Marcello Lopes do Carmo pela tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro. São 15 anos e seis meses em regime fechado e um ano e seis meses em regime aberto. Se for condenado nos termos do voto do relator, como tem ocorrido nos julgamentos, Carmo terá que pagar, ainda, multa de R$ 44 mil.

Morador de Aparecida de Goiânia, o apoiador de Jair Bolsonaro (PL) de 39 anos foi preso no Palácio do Planalto após participar da depredação do local, segundo a denúncia.

Como ocorreu com os golpistas julgados anteriormente, Carmo também alega que não pretendia derrubar o governo eleito e que não participou do quebra-quebra. Teria invadido o Palácio do Planalto apenas para manifestar sua inconformidade com o resultado democrático das eleições.  

Em seu perfil no Facebook, porém, em uma postagem de 7 de janeiro, Carmo convoca apoiadores do golpe a ir de ônibus a Brasília. "Só 20,00 reais patriota chama (SIC)". No dia da invasão, ele publicou vídeo em que aparece usando máscara contra gás dentro do

Planalto. Em outras das quatro publicações realizadas naquele dia, também em seu perfil, grita: "Forças Armadas, salvem o Brasil", junto com outros baderneiros.

Além de Marcello do Carmo, que responde em liberdade desde 7 de agosto, outros cinco golpistas começaram a ser julgados nesta sexta-feira, com penas que variam de 14 a 17 anos. Esperamos que recebam pena exemplar.