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O cristão Gilson Machado (F: Embratur)
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Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil emitiu nota em que repudia a fala "preconceituosa e errônea" do presidente da Embratur, Gilson Machado,
em Live transmitida pelo Facebook ao lado da Ministra da Mulher,
Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
"Como presidente da agência que promove o turismo
brasileiro, qualquer declaração de Gilson Machado terá impacto
direto no setor. Além de mostrar desconhecimento sobre a comunidade
LGBTI+, suas palavras atacam de forma direta a promoção do turismo
LGBTI+ no Brasil e causa regressão em todo o trabalho desenvolvido
por entidades como a Câmara LGBT em desenvolver nosso país como um
destino acolhedor. Nossa entidade repudia qualquer fala
preconceituosa e irresponsável, ainda mais quando parte de uma
figura pública ligada ao turismo", declara Ricardo Gomes,
presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil.
Usando suas convicções religiosas o presidente do órgão de
promoção do turismo brasileiro ataca o que chama de uma tentativa
de "impor a sua sexualidade perante a maioria de cristãos
brasileiros" chamando-a de "abominável". A fala de
Gilson Machado ocorreu ao citar a peça "O Evangelho segundo
Jesus, Rainha do Céu", encenada em um festival com
financiamento público, que ele chama de "canalhice com dinheiro
público".
No que o próprio chama de desabafo, Gilson Machado, após mostrar
todo seu desconhecimento sobre o tema e preconceito com a comunidade
LGBTI+, diz não ter "nada contra quem usa seu orifício rugoso
infra-lombar para fazer sexo"; novamente revelando seu
preconceito ao simplesmente não citar a população LGBTI+ com a
denominação correta.
Apesar de não citar de forma direta o turismo, como presidente da
Embratur, Gilson Machado esquece que suas opiniões pessoais impactam
de forma direta um dos setores que mais sofreu com a pandemia do
COVID-19. O Turismo LGBT movimentou USD 218,7 bilhões em 2018,
segundo dados da pesquisa LGBT Travel Market, promovido anualmente
pela Consultoria Out Now/WTM. Ao se posicionar de forma direta contra
a comunidade LGBTI+, o presidente da Embratur faz grave ataque aos
direitos universais, ao lado da Ministra dos Direitos Humanos que não
se posicionou a respeito, e dificulta a entrada de USD 26,8 bilhões
na economia brasileira (pesquisa OUT/WTM 2018), colaborando com o
desemprego, em um período que o turismo pode contribuir para a saída
da crise causada pela pandemia, e minando as relações
internacionais brasileiras com países que valorizam a democracia e o
fim do preconceito.
"Em um momento em que o turismo começa a pensar na retomada
do setor, responsável pela geração de milhões de empregos, e que
o turista LGBTI+ se destaca como um dos que será mais importante
nesse momento, é desastrosa a fala do presidente da Embratur. Apesar
de não refletir o sentimento de toda a população brasileira,
atinge a promoção do destino Brasil de forma direta por seu papel
institucional", completa Ricardo.
O Ministério do Turismo e a Embratur abandonaram o turismo LGBTI+
retirando-o do plano nacional do turismo e não reeditando a cartilha
"Dicas para atender bem o turista LGBT". Além disso, não
cumpre o acordo de cooperação assinado entre a Câmara LGBT, Mtur e
Embratur, com validade até junho de 2023, que visa a promoção do
turismo LGBT dentro e fora do país.
Dados comprovam que o turista LGBTI+ será um dos primeiros a
retomar as viagens tão logo sejam estabelecidos protocolos de
segurança global. Segundo pesquisa da IGLTA (Associação
Internacional de Turismo LGBTI+) 66% dos viajantes LGBTI+ pretendem
viajar tão logo seja possível.
"Nossa pesquisa comprovou que o turista LGBTI+ sairá na
frente na retomada. Essa fala do presidente da Embratur sinaliza que
nosso país irá perder espaço frente a outros destinos que já
entenderam a importância do segmento LGBTI+, especialmente nesse
momento em que vivemos", analisou Clovis Casemiro,
representante da IGLTA no Brasil.
Apesar das declarações desastrosas e posicionamentos
questionáveis e condenáveis do governo federal, a Câmara de
Comércio e Turismo LGBT do Brasil vai continuar com seu trabalho de
promoção do País como um destino diverso, o que já está no DNA
da nação brasileira. Continuaremos defendendo e promovendo o
empreendedorismo e empregabilidade da e para a comunidade LGBTI+.
Prova disso é que no dia 15 de julho faremos o primeiro evento de
turismo LGBT online do Brasil, firmando nosso compromisso com o
fomento da economia e da geração de empregos.