quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Uma mulher é morta a cada 9 horas desde o início da pandemia

De acordo com o monitoramento “Um vírus e duas guerras” foram 497 feminicídios de março a agosto em 19 estados e no Distrito Federal

Nos primeiros seis meses, desde o início da pandemia da Covid-19, em março, três mulheres foram mortas a cada dia, em crimes motivados pela condição de gênero, que caracteriza feminicídio. São Paulo (79), Minas Gerais (64) e Bahia (49) foram os estados que registraram maior número absoluto de casos no período. No total, os estados que fazem parte do levantamento registraram redução de 6% no número de casos em comparação com o mesmo período do ano passado.

“Isoladas dentro de suas casas, as mulheres continuam ou estão ainda mais expostas à violência. Apesar dos dados oficiais indicarem queda no número de casos, muitos especialistas alertam para a subnotificação, que, estima-se, seja ainda maior em meio à pandemia, pela dificuldade de comunicação. Além disto, em alguns casos é difícil obter os dados de órgãos oficiais”, comenta Helena Bertho, diretora do Instituto AzMina. Dos 26 estados, sete não responderam ao pedido de informação.

O levantamento “Um vírus e duas guerras” sobre a violência doméstica durante a pandemia da Covid-19 é resultado de uma parceria do instituto AzMina com as mídias independentes:   Amazônia Real, Agência Eco Nordeste, #Colabora, Portal Catarinas, Marco Zero Conteúdo e Ponte Jornalismo.  As unidades da federação que fazem parte da amostra concentram 94% da população feminina do País.

feminicídio nos estados

Do total, 11 estados e o Distrito Federal tiveram redução no número de mortes, tendo o DF registrado a maior queda percentual (56%). Em números absolutos, Rio Grande do Sul e DF registraram a maior redução nos casos de feminicídio, com respectivamente 18 e 10 mortes a menos do que em 2019. Na outra ponta, Pará e o Mato Grosso foram responsáveis pelo maior aumento, com 15 crimes a mais no PA e 10 no MT.

O Mato Grosso é também o Estado em que, proporcionalmente, mais mulheres foram assassinadas desde o início da pandemia. A taxa de feminicídios entre março e agosto foi de 1,72 por 100 mil mulheres, três vezes mais do que a média total, de 0,56 por 100 mil mulheres. Somente outros dois estados, além do MT, registraram índices acima de 1, o Acre, com 1,32 por 100 mil mulheres e o Mato Grosso do Sul, com 1,16 por 100 mil mulheres. A menor taxa é a do Tocantins, com 0,13 por 100 mil mulheres.

Na análise quadrimestral, foram 304 feminicídios de maio a agosto, 11% a menos na comparação com o mesmo período de 2019, quando 340 mulheres foram assassinadas.

A série “Um vírus e duas guerras” vai monitorar os casos de feminicídios e de violência doméstica até o final de 2020. O objetivo é dar visibilidade a esse fenômeno silencioso, fortalecer a rede de apoio e fomentar o debate sobre a criação ou manutenção de políticas públicas de prevenção à violência de gênero no Brasil.

“A ideia do monitoramento da violência contra a mulher surgiu em uma conversa que tive, em março, com a Paula Guimarães, do siteAs Catarinas. Estávamos buscando formas de trabalhar em parceria colaborativa, cada uma dentro de casa por causa da pandemia e utilizando a tecnologia digital. A situação é bem grave. Então sugeri fazermos um monitorando convidando mídias independentes das cinco regiões do país; assim nasceu a série Um vírus e duas guerras”, conta Kátia Brasil, fundadora do site Amazônia Real.

O levantamento é feito a partir dos registros de feminicídios e violência doméstica das secretarias de segurança pública dos estados do Acre (AC), Alagoas (AL), Bahia (BA), Distrito Federal (DF), Espírito Santo (ES), Maranhão (MA), Mato Grosso do Sul (MS), Minas Gerais (MG), Mato Grosso (MT), Pará (PA), Pernambuco (PE), Piauí (PI), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (RN), Rio Grande do Sul (RS), Rondônia (RO), Roraima (RR), Santa Catarina (SC), São Paulo (SP) e Tocantins (TO). Solicitados, os demais 7 estados não forneceram dados.

PL lança candidato nazista a vereador em Santa Catarina

pl lança nazista candidato a vereador
Piscina com suástica foi fotografada durante operação policial (Reprodução)

O Partido Liberal (PL) lançou, como candidato a vereador em Pomerode (SC) Wandercy Antonio Pugliesi. Conhecido na cidade como Professor Wander, o candidato ficou famoso - não da melhor
Em 1995 Wander foi retratado como "neto" de Hitler

maneira - depois que a piscina de sua casa foi fotografada por um policial de helicóptero com uma suástica gigante no fundo. O fato aconteceu em 2014 e teve, obviamente, repercussão internacional. As informações são do Diário do Centro do Mundo.

A adoração do professor de história por Hitler é antiga. Em 1994 ele foi personagem de uma reportagem do Fantástico e, no ano seguinte, do jornal gaúcho Zero Hora, onde apresentou sua coleção sobre a ideologia que matou milhões de pessoas durante a segunda guerra mundial.

De acordo com o DCM, Wander teve os objetos apreendidos pela justiça, mas a adoração pelo horror continua.

O PL de Pomerode não quis se manifestar sobre os critérios que levaram à escolha do candidato.

Atualização (09/10)

Após a repercussão do caso, o PL nacional decidiu desfiliar o candidato. A Executiva estadual de Santa Catarina emitiu a seguinte nota:

"O Diretório Estadual do Partido Liberal em Santa Catarina desconhecia a filiação do candidato a vereador da cidade de Pomerode, Professor Wander, conduzida diretamente pelo órgão de direção municipal. Por não compactuar ideologicamente com o filiado, o PL encaminhou o desligamento do mesmo. O partido reforça sua firme posição contra todo tipo de apologia à discriminação racial, religiosa e social.”

"Pau pra toda obra", diz slogan de ator pornô candidato a vereador

kid bengala candidato a vereador
Kid Bengala é pau pra toda obra (Reprodução)
Se alguém disser que Clóvis Basílio dos Santos é candidato a vereador por São Paulo, talvez você imagine que seja apenas mais um aventureiro desconhecido tentando ingressar no mundo da política. Pouco deve acrescentar as informações de que seu partido é o PTB e seu número, o 14033. Pois esse é o verdadeiro nome de um dos mais emblemáticos atores de filmes pornográficos brasileiros, o Kid Bengala.

Aos 65 anos, o ator, natural de Santos, litoral paulista, se identifica como empresário em seu registro no TSE. É divorciado, cor preta e tem ensino fundamental completo.

A campanha de Kid já começou no Instagram. Em um vídeo publicado em seu perfil, ele aparece avisando: "Aqui embaixo tem um coisa de 30 centímetros que pode f... você.". Enquanto a câmera abaixa para mostrar uma maquete da urna eletrônica com a foto do governador João Doria, o candidato continua: "Não vai dizer que eu não te avisei. Outra dessa e eu vou atrás de você."  

No santinho virtual distribuído em suas redes, o candidato apela para o eleitor: "Não fique em cima do muro. Vote Kid Bengala, porque esse é pau para toda obra". 

Aventura de Silvio Santos para agradar Bolsonaro levou o caos ao SBT

livia andrade é demitida por silvio santos
Nem Livia Andrade escapou (Reprodução)
Do jornalismo ao entretenimento, as últimas semanas têm sido de perdas irreparáveis para o SBT. As demissões dos maiores nomes da emissora revelam uma crise sem fim, desde que Silvio Santos decidiu exibir a Copa Libertadores para provocar a Globo, que não aceitou pagar o preço cobrado pela Conmebol. Para impor mais uma derrota à rival e desafeto de Bolsonaro, Silvio sacrificou praticamente toda a programação de sua TV para abocanhar a competição esportiva, mesmo sem nenhuma tradição no futebol.

O resultado não poderia ser outro. A Libertadores não empolgou, os patrocinadores não vieram, e a onda de demissões, não tão raras no SBT, parece não acabar.

Hoje foi a vez do humorista Carlinhos Aguiar. Mas nomes de muito mais peso também deixaram, nos últimos dias, a "TV Mais Feliz do Brasil". Entre eles, os jornalistas Roberto Cabrini e Raquel Sheherazade,  os apresentadores Lívia Andrade, Leão Lobo e Mamma Bruscheta, além da talentosa atriz Larissa Manoela. A xodó da casa, Maisa, também saiu e até o programa da filha do patrão, Patrícia Abravanel, foi suspenso.

Os cortes são resultado do desembolso de 60 milhões de dólares (quase R$ 320 milhões) pelos direitos de transmissão da Libertadores, algo que nem a Globo quis pagar. E tudo por conta da briga de Bolsonaro com a emissora dos Marinho - a medida provisória do direito do mandante é outro capítulo do ataque do governo à Globo.

O problema é que, apesar do desejo de Bolsonaro de impulsionar o SBT, Record e Rede TV, emissoras explicitamente pró-governo, há o limite legal, a chamada mídia técnica, que obriga o poder público a, quando anunciar, direcionar o dinheiro do contribuinte de acordo com a audiência e não com a vontade do gestor, regra criada justamente para impedir o que Bolsonaro gostaria de fazer. Vale lembrar ainda que o presidente do "tem que mudar isso aí, talkey?" nomeou o genro de Silvio, deputado federal Fabio Faria (PSD), como ministro das comunicações.

raquel sheherazade ameaçada por bolsonaristas
Raquel Sheherazade, bolsonarista até o ano passado, sofreu ameaças após criticar o governo (Reprodução)

Histórico governista

Não é de hoje o apreço de Silvio Santos pela bajulação a governos. Durante os últimos anos da Ditadura Militar Brasileira, o SBT exibia insistentemente, narrada pelo vozeirão de Lombardi, a "Semana do Presidente", mostrando as "realizações" do governo ditatorial durante sua programação. Com a rusga de Bolsonaro com a Globo, ficou ainda mais fácil.

É muito claro que se trata de uma estratégia fadada ao fracasso. As emissoras governistas até podem se beneficiar com o lobby do governo para que empresas aliadas anunciem nas queridinhas. Mas, hoje, a reputação dos veículos de comunicação é diariamente questionada nas mídias sociais. E, engana-se quem pensa que atitudes como essas serão esquecidas.

A Globo, por exemplo, até hoje paga o preço pelo apoio à Ditadura e à defesa de Collor durante as eleições de 1989. Vive se explicando. Em uma era em que os canais de comunicação se multiplicam e muitos "influencers" têm mais audiência do que emissoras estruturadas e consagradas, vai ser difícil se recuperar quando a onda de fanatismo bolsonarista passar.

E ela vai passar.

Estudo preliminar da Universidade Federal de Santa Catarina aponta eficácia da vacina tríplice viral contra Covid-19

Mesmo sob ataque constante do governo Bolsonaro e do Ministério da Educação, as universidades públicas brasileiras continuam se revelando como importantes, senão os únicos, campos de pesquisa.

tríplice viral apresenta resultados positivos contra covid-19
Os primeiros resultados do estudo do uso da tríplice viral contra Covid-19 em Santa Catarina mostram redução dos sintomas da doença para quem recebeu a vacina. Dos voluntários da pesquisa, 83% dos vacinados que se infectaram foram assintomáticos. Já os que tomaram placebo, o número caiu para 50% os participantes que disseram não ter sentido nada.

O estudo é realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc).

Segundo o coordenador do projeto, o médico Edison Fedrizzi, nessas primeiras semanas foi percebido um alto percentual de pessoas infectadas, gerando os dados iniciais da pesquisa. A primeira parcial mostra maior número de pessoas sem sintomas entre os que receberam a tríplice viral. “Isso nos dá uma evidência, ainda longe de ser definitiva, de que essa vacina realmente pode proteger contra a evolução da infecção ou mesmo a sua prevenção”, analisa.  

O estudo de Fedrizzi iniciou há 45 dias. Nos primeiros 30, foi realizado o cadastramento de todos os voluntários. A primeira turma a participar é de aproximadamente 400 profissionais da saúde da Grande Florianópolis, já que estão mais expostos ao novo coronavírus.

A ideia, a partir de agora, é divulgar resultados parciais todos os meses. Já a conclusão da pesquisa está prevista para o final de dezembro.

Para acompanhar mais informações de estudos sobre a Covid-19 em Santa Catarina, acesse www.fapesc.sc.gov.br.

Investimentos contra Covid-19

A Fapesc investiu aproximadamente R$ 2,2 milhões em ações contra Covid-19 em Santa Catarina, incluindo pesquisas e desenvolvimento de produtos para combater a pandemia e seus efeitos. O estudo da tríplice viral é uma dos cinco projetos aprovados no edital 06/2020 e recebeu cerca de R$ 100 mil para o desenvolvimento.

Há também pesquisas sobre testes mais seguros para diagnósticos da doença, produção de tecido pulmonar humano e ativação de laboratório na Serra catarinense. A conclusão de alguns projetos será divulgada nos próximos meses.  

O presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, explica que, com o avanço das pesquisas e a implementação das propostas inovadoras pelas empresas, já é possível ter os primeiros resultados das ações apoiadas pela fundação. “A ciência é a grande ferramenta para podermos enfrentar a pandemia e outros problemas que afetam a sociedade. Continuamos firmes no suporte às iniciativas de pesquisa e inovação em Santa Catarina”, destaca.

Acompanhe outros editais da Fapesc nas redes sociais em facebook.com/fapesc.gov ou  instagram.com/fapesc.sc.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Resgatados 36 trabalhadores em condições análogas à escravidão em quatro municípios de Goiás

trabalhadores resgatados em condições análogas a de escravos
Trabalhadores resgatados em pedreiras, carvoarias e extração de madeira (F: Divulgação)
Em operação de combate ao trabalho escravo, realizada entre 21/09 a 02/10/2020, a Superintendência Regional do Trabalho em Goiás (SRTb -GO), em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), resgatou 36 trabalhadores, sendo 03 menores de idade, laborando em carvoarias, extração de madeira de eucaliptos e pedreiras, atingindo 07 diferentes empregadores nos municípios de  Catalão, Campo Limpo de Goiás, Joviânia e Vicentinópolis, em Goiás.  

Os trabalhadores estavam sendo submetidos a condições análogas às de escravo, na modalidade de trabalho degradante, tendo sido resgatados dessa condição, conforme determina o art.  art.  2º-C da Lei 7.998/90 c/c art. 8º da Portaria MTE 1.293/2017 e Instrução Normativa SIT/MTE n. 139/2018.  

Além de executarem atividades que por si só já são bastante penosas, a exemplo da produção artesanal de carvão vegetal e de da extração manual de pedras (cortando e quebrando pedras com cunhas e marretas), os trabalhadores resgatados exerciam suas atividades na completa informalidade e sem as mínimas condições de segurança e saúde. Não recebiam os equipamentos de proteção individual (EPIs) e quando recebiam tinham os valores respectivos descontados de seus pagamentos de salários; não dispunham de instalações sanitárias e de locais para refeição nos locais de trabalho; os obreiros que operavam máquinas (tratores e motosserras) não eram submetidos a treinamentos para tal; não recebiam água potável em quantidade suficiente, mesmo laborando sob o sol escaldante; em alguns casos as ferramentas de trabalhos tinham que ser compradas pelos próprios trabalhadores, dentre outras irregularidades. Além disso, praticamente todos os trabalhadores estavam sem registro e com suas Carteiras de Trabalho e Previdência Social (CTPS) sem anotação e alguns deles não recebiam salários regularmente; também não recebiam pela horas extras laboradas, 13º salário, férias e não tinham o FGTS depositado.  

Interdições

Diante da total falta de observância das normas de proteção ao trabalho, foram determinadas as interdições de 01 carvoaria (em Catalão/GO), 05 pedreiras de extração de pedras portuguesas de minério basalto (em Joviânia/GO e Vicentinópolis/GO) e de uma floresta de extração de madeira de eucaliptos (em Campo Limpo de Goiás/GO). Tais medidas restritivas somente serão suspensas após cumprimento das condições elencadas nos respectivos termos de interdições.   

Durante a operação, os responsáveis pelos citados trabalhadores foram notificados da situação de degradância constatadas pela equipe de fiscalização, bem como das providências a serem tomadas no sentido de regularizar os contratos de trabalho e de realizar os pagamentos das verbas rescisórias dos trabalhadores resgatados.  

As verbas rescisórias dos 36 trabalhadores resgatados somaram o montante de R$ 365.385,00 (trezentos e sessenta e cinco mil e trezentos e oitenta e cinco reais), mas somente dois dos sete empregadores envolvidos aceitaram quitar tais verbas, tendo sido pago R$ 59.500,00 para 08 trabalhadores. Em relação aqueles empregadores que optaram por não cumprir as determinações da equipe de fiscalização, deixando de providenciar a anotação retroativa das CPTS de seus empregados e de fazer o pagamento de suas verbas rescisórias, eles serão acionados judicialmente pelo MPT, que proporá Ação Civil Coletiva para buscar  garantir o pagamento de tais direito.  

Serão lavrados aproximadamente 150 autos de infração, cuja soma total poderá ultrapassar a 1 milhão de reais.  

Além disso, todos os responsáveis pelos 07 estabelecimentos flagrados explorando trabalho escravo poderão responder criminalmente pelo ilícito previsto no art. 149 do Código Penal Brasileiro, cuja pena pode chegar a até 08 anos de prisão.  

Para todos os 36 trabalhadores resgatados houve a emissão do requerimento do benefício do “seguro-desemprego de trabalhador resgatado”, correspondente a 03 parcelas de 01 salário mínimo cada, consoante legislação que regula a matéria (art. 2 – C da Lei 7.998/90, com redação dada pela Lei 10.608/02).  

“Cabe ressaltar que o trabalho escravo moderno não guarda muita similaridade com a antiga concepção de trabalho escravo, onde o trabalhador era mantido acorrentado e trabalhava sob ameaças de açoitamento. Ao contrário, o trabalho escravo moderno se caracteriza mais pela ofensa à dignidade do trabalhador do que pela liberdade propriamente dita, podendo ser praticado por diversas condutas como o “trabalho forçado”, a “servidão por dívida”, as “jornadas exaustivas” e as “condições degradantes de trabalho”, disse o Auditor-Fiscal do Trabalho Roberto Mendes, coordenador da operação.  

STF julga constitucional lei paranaense que libera venda de cerveja em estádios de futebol

Em sua decisão, o ministro Edson Fachin manifestou-se pela constitucionalidade da Lei Estadual nº 19.128/2017 que regulamentam a venda de bebidas alcoólicas em estádios e arenas desportivas no Paraná

Ministro Edson Fachin decide pela legalidade da venda de bebidas em estádios
Para Fachin, estados podem decidir (F: STF)
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), manifestou-se pela constitucionalidade da Lei Estadual nº 19.128/2017 que regulamenta a venda de bebidas alcoólicas em estádios e arenas desportivas no Paraná. O Recurso Extraordinário, oriundo de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a liberação, foi julgado no dia 29 de setembro. 

No ano passado, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ajuizou no STF três ADIs com pedido de liminar contra leis estaduais que autorizavam o comércio e o consumo de bebida alcoólica em estádios de futebol. As ações questionavam leis dos estados do Mato Grosso, Ceará e Paraná. 

Em sua decisão, o ministro Fachin julgou improcedente a alegação do autor de que a referida lei estadual contraria proibição ditada pelo artigo 13 do Estatuto do Torcedor, configurando ofensa  à competência do Estado de legislar concorrentemente à União sobre consumo e desporto. 

Além disso, o argumento do autor, conforme o ministro Fachin, está em desconformidade com a lei estadual por implicar em redução do direito dos cidadãos a ter a sua segurança garantida pelo estado. 

De acordo com o advogado Alberto Goldenstein, do escritório GPM|G&C Advogados Associados, a  liberação da venda de bebidas alcoólicas em estádios no Paraná, que já está em vigor, agora, por decisão da Suprema Corte, é constitucional, e sua aplicabilidade pós pandemia será de fundamental importância para o fomento de atividade econômica e circulação de riquezas.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Lei de Bolsonaro sobre educação especial: Falta muito pouco para o pior acontecer

Decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro incentiva a criação de salas e escolas especiais para crianças com deficiências e transtornos globais do desenvolvimento, como o autismo e a superdotação. O documento é considerado discriminatório e um retrocesso nas políticas de inclusão do país. Pesquisador mostra que iniciativa pode abrir brechas para posturas ainda piores serem adotadas.

Italu: decreto imoral (F: Divulgação)
No último dia 1º de outubro, o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que incentiva a criação de salas e escolas especiais para crianças e adolescentes com deficiências e transtornos globais do desenvolvimento, como o autismo e a superdotação, por exemplo. O documento vem na contramão das políticas de inclusão que estão adotadas no Brasil desde 2008 e abre brechas para as escolas passem a não aceitar alunos com essas características.

Pós doutor em Educação eletrônica, psicanalista e psicopedagogo, Dr. Italu Colares acredita que “esse decreto imoral vai contra ao trabalho de anos a fio em prol da inserção de crianças especiais”. Além disso, ele reforça que “a inclusão escolar se prende em acolher todas as pessoas, sem exceção, no sistema de ensino, independentemente de cor, classe social e condições físicas e psicológicas. O termo é associado mais comumente à inclusão educacional de pessoas com deficiência física e mental”.

O pesquisador reforça que “somos seres que aprendemos por meio dos nossos sentidos: olfato, paladar, audição, fala, tato e visão. As crianças aprendem também por meio desses sentidos. Mesmo a criança portadora de necessidades especiais (que não possui deficiência em todos os sentidos mencionados) de uma forma geral, aprende também dessa mesma maneira. As crianças que possuem determinadas deficiências físicas podem aprender por meio dos demais sentidos saudáveis que poderão ser exercitados”.

Neste sentido, ele completa explicando que retirar uma criança portadora de necessidades especiais de uma sala de aula com crianças variadas é um erro. “A criança portadora de necessidades especiais irá se espelhar nas outras crianças que também não são como ela, com o objetivo de se desafiar para que assim tenha um melhor desenvolvimento. Ela imitando o comportamento das outras crianças aprende a fazer aquilo que qualquer outra criança ‘normal’ aprende”, completa.

Por isso, Dr. Italu Colares, é reitor de uma universidade para brasileiros nos Estados Unidos, conta que “isso também é bastante importante para que a própria criança se sinta parte do grupo sem nenhuma discriminação quanto a sua própria condição. Isso porque essa interação também é uma inclusão social”. Diante do cenário educacional, ele, que é pai de uma criança portadora de síndrome de Down, reforça que “deve-se manter essa criança próxima às demais para que a mesma saia da sua zona de conforto. Essa poderá ser desafiada a fazer muito mais do que faria cercada apenas de crianças portadoras de necessidades especiais. O fim da inclusão irá criar uma limitação no desenvolvimento dessa criança e um entrave na socialização da mesma”.

No entanto, Dr.  Italu Colares alerta que tal medida presencial pode abrir brechas para atitudes piores, que podem acontecer em breve: “Daqui a pouco serão emitidos decretos para aprovar choques elétricos nos hospitais psiquiátricos para mulheres que sofrem de histeria como ocorrido na Europa castradora em que Sigmund Freud teve a ideia de criar a associação livre abrindo as portas da psicanálise recém criada por ele mesmo.  Então, voltemos no tempo e apliquemos ao pé da letra o Maleus Maleficarum (Martelo das bruxas) e iniciemos mais uma ‘santa inquisição’”, lamenta.

Atualmente, cerca de 90% dos estudantes com deficiência ou transtornos do desenvolvimento estudam em escolas regulares no país. Além disso, o Brasil também é signatário de convenções internacionais de direitos das pessoas com deficiência que defendem a inclusão como benefício tanto para elas como para criar uma sociedade mais justa e que saiba conviver com as diferenças.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Elias Vaz se reúne com presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Goiás

Elias (esq.) e Curado: liberdade de imprensa (F: Divulgação)
Candidato a prefeito pela coligação Goiânia Merece Mais (PSB/PDT/Rede Sustentabilidade), Elias Vaz reafirmou o compromisso com a democracia e a liberdade de imprensa em em reunião com o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Goiás, Cláudio Curado. Também participou o candidato a vereador pelo PSB, Zé Eduardo. "O nosso país passa por um momento difícil, com ataques à democracia e a defesa de princípios fascistas. Quem estiver à frente da prefeitura de Goiânia precisa, de forma muito chata, se comprometer com o sistema democrático e a defesa da liberdade de imprensa. Sempre tive esse posicionamento e continuarei esse compromisso", ressaltou Elias Vaz.

Cláudio Curado destacou a necessidade de análise do histórico de quem está na disputa pela prefeitura da capital. "É preciso conhecer o currículo de lutas de cada candidato para saber se ele é um democrata de fachada,  do momento ou se é um democrata por uma questão de formação pessoal. Elias Vaz mostra que é um candidato capaz de fazer a diferença em Goiânia. Pela história dele, tem muito a contribuir para construir uma cidade mais democrática e mais inclusiva e isso é fundamental para levar em conta quando for decidir o voto no dia 15 de novembro". 


Elias Vaz apresentou na Câmara Federal projeto de lei que qualifica os crimes contra jornalistas e trabalhadores da imprensa no exercício da profissão e prevê, nesses casos, pena de prisão e multas que podem chegar a R$30 mil. Também fica estabelecida pena de 1 a 2 anos e multa para o crime de omissão de agente público que, ao presenciar ou ter ciência de atos que atentam contra profissionais de imprensa, deixar de prestar assistência ou acionar as autoridades competentes.

Relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), publicado em janeiro, informa aumento de 54,07% dos ataques a veículos de comunicação e jornalistas no ano passado em comparação a 2018. “Esses ataques não se tratam de crimes comuns, são repletos de simbolismo, uma vez que representam um ataque à própria democracia, à liberdade de expressão e pensamento, ao direito de informação e à transparência. Pior ainda quando vem com a violência, com a agressão, recheada de ódio, de incitação da população, mostrando a face mais autoritária de um governo, de um grupo e de uma classe”, assinalou Elias Vaz.

Outdoor em Goiânia quer saber de onde vieram os 89 mil de Queiroz

 Um outdoor instalado em Goiânia, em setor nobre, a poucos metros do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO), questiona a origem dos R$ 89 mil reais depositados na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pelo ex-assessor do enteado Flávio Bolsonaro Fabrício Queiroz.


Além de explicitar a dúvida presente em toda a sociedade brasileira quanto à origem do dinheiro, cuja movimentação foi constatada pelo Coaf, a peça ironiza: "Foi pra comprar arroz?", em uma referência à mais alta carestia do produto principal da alimentação brasileira em todos os tempos.

Incomodada pelas cobranças recebidas pelo marido em relação à probidade com o dinheiro público, tão defendida pelo clã bolsonarista na na teoria, Michelle iniciou uma ofensiva no sentido de censurar qualquer crítica ao governo, algo nem visto mesmo durante os anos mais agressivos da ditadura militar que acabou com o Brasil.

Juristas de todas as estirpes garantem que a ofensiva da primeira-dama dará em nada, já que a Constituição de 1998 não prevê censura prévia e, principalmente, porque os dados questionados por Michelle são públicos e disponibilizados nos mecanismos de controle social existentes na estrutura pública brasileira, para o terror da família Bolsonaro.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Jornalista com câncer apresenta programa sem peruca

jornalista com câncer apresenta globo esporte
Aline Bastos: tratamento e coragem (Reprodução GE)
A jornalista Alice Bastos Neves, apresentadora do Globo Esporte no Rio Grande do Sul, apresentou o programa sem sua peruca. Desde fevereiro, a âncora enfrenta um câncer de mama e fez o gesto em alusão à campanha Outubro Rosa, que tem como objetivo o incentivo à prevenção da doença. As informações são do Comunique-se.

A sua jornada foi compartilhada com o público por meio da série especial ‘Vitórias’, que estreou na edição de hoje do programa. De acordo com o site do programa, o quadro é composto por reportagens que têm como objetivo mostrar a luta de mulheres que “encontraram no esporte alguns exemplos e ajuda para encarar o tratamento para o câncer de mama com coragem e esperança, além de compartilhar as experiências da própria jornalista”.

Em seu depoimento durante a apresentação, Alice, que está na fase final do tratamento, explica que o ato foi uma forma de inspirar as pessoas com a sua história. “A decisão por passar a apresentar o programa sem a peruca passa por todas as trocas que tive nesse processo. Foi um pedido de muita gente nas redes sociais, inclusive. Acredito que, quando me coloco na TV assim, posso incentivar outras mulheres a se sentirem mais confiantes consigo mesmas e mais fortes para encarar o tratamento e chegar à cura”.

Para assistir ao programa, clique aqui.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Câmara de Goiânia anuncia convocação de aprovados em concurso

Policarpo: segurança jurídica (F: Antonio Silva)
O presidente da Câmara de Goiânia, vereador Romário Policarpo (Patriota), anunciou nesta quinta-feira, o cronograma de convocação dos 80 servidores aprovados no último concurso público realizado pelo Poder Legislativo. O processo de nomeação terá início em 20 de novembro, de forma gradativa, segundo a demanda das diferentes áreas, sentença da Justiça do Trabalho e as medidas de emergência sanitária em razão da pandemia do novo coronavírus.

O cronograma de posse foi elaborado pela Comissão de Recepção e de Concurso, criada pela atual Mesa Diretora ainda em 2019 para executar o processo de provimento dos novos servidores nos cargos criados pelo certame. As nomeações começam pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt) e seguem na Diretoria de Recursos Humanos, Procuradoria Geral e demais diretorias (veja a ordem de provimento abaixo).

"Quero anunciar que hoje conseguimos, felizmente, fazer o cronograma de todos os aprovados no último concurso público, o que era o desejo desta Mesa Diretora desde sempre", afirmou Policarpo, na Sessão Plenária desta quinta-feira. "A vocês, aprovados, obrigado por terem confiado e nos apoiado para que pudéssemos ter a segurança jurídica para a convocação dos senhores", disse Romário Policarpo.

SAIBA MAIS

Ordenamento de provimento dos servidores aprovados em concurso público

Quando começa

Dia 20 de novembro de 2020

Como

Gradativa, segundo a demanda das áreas, de sentença da Justiça do Trabalho e as medidas de prevenção ao novo coronavírus

Sequência de provimento por Diretorias e Setores

Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt)

Diretoria de Recursos Humanos

Procuradoria Geral

Diretoria Financeira

Diretoria de Controle Interno

Diretoria-Geral

Diretoria Administrativa

Diretoria de Compras e Licitação

Diretoria Legislativa

Diretoria de Comunicação 

Servidores públicos realizam manifestação em Goiânia contra Reforma Administrativa

carreata contra a reforma administrativa
Carreata percorreu ruas de Goiânia (F: Marielly Dias/Sindsemp)
O Sindicato dos Servidores do Ministério Público de Goiás (SINDSEMP-GO) participou, na manhã desta quarta-feira (30), da manifestação dos servidores públicos do estado contra a Reforma Administrativa. Os servidores organizaram uma carreata, que saiu às 9h do Paço Municipal, passando em frente à sede do Ministério Público, sendo finalizada na Praça Cívica. A atividade foi convocada como parte do Dia Nacional de Luta em Defesa do Serviço Público e Contra a Reforma Administrativa.

O presidente executivo do SINDSEMP-GO, Gilclésio Campos, ressalta que a atividade foi promovida como uma forma de estabelecer o diálogo com a população: “É importante que a população entenda que a PEC32 sendo aprovada, não será prejuízo apenas para o servidor público, mas sim para a população em geral, todos aqueles que utilizam o serviço público. A exemplo da educação e saúde.”

Em todo o país, entidades representativas de servidores públicos convocaram manifestações para esta quarta-feira como forma de demonstrar o descontentamento dos atuais servidores com as mudanças na administração pública propostas pelo governo federal. Em reunião com as entidades de base, a Associação Nacional dos Servidores do Ministério Público (ANSEMP e a Federação Nacional dos Servidores dos Ministérios Públicos Estaduais (FENAMP), no dia 11 de setembro, deliberaram que os sindicatos e associações estaduais participariam da construção das atividades de enfrentamento à reforma nos estados. 

Bolsonaro contra servidores

No dia 3 de setembro, o governo Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 32/2020, que prevê uma profunda reestruturação do serviço público no país. Entre as principais alterações estão: o fim do regime jurídico único no funcionalismo público; o fim da estabilidade para cargos com atividades administrativas, técnicas ou especializadas; e o aumento do poder presidencial para extinção e transformação de cargos, bem como para reorganização de autarquias e fundações e extinção de órgãos, sem necessidade de passar pelo Congresso Nacional.

Apesar de o governo alegar que a reforma não atinge os atuais servidores, estes serão afetados em muitos pontos da PEC. Pela proposta do governo, os servidores atuais poderão ser destituídos do cargo pela primeira decisão judicial colegiada. Atualmente é preciso esperar o trânsito em julgado para perda do cargo. Outro ponto é que os servidores também poderão ser desligados por desempenho insatisfatório, abrindo espaço para avaliações subjetivas, assédio moral e perseguição política no serviço público. Se a PEC for aprovada, ficará vedada a concessão de uma série de benefícios aos novos servidores. Contudo, os atuais também poderão ser imediatamente atingidos. A mudança na Constituição também abrirá precedente para retiradas futuras de direitos e benefícios.