sexta-feira, 23 de abril de 2021

Políticos dinamarqueses enviam carta ao Congresso brasileiro pedindo que não aprovem leis antiambientais

Vinte e oito políticos dinamarqueses enviaram hoje uma carta aberta aos líderes da Câmara e do Senado brasileiro, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Liderado pelo partido Red-Greens Alliance, o grupo de políticos dinamarqueses se uniu para tentar impedir o desmatamento e a perseguição aos povos indígenas. Dessa forma, os parlamentares dinamarqueses se unem aos políticos alemães, italianos e parlamentares da UE, que já enviaram cartas semelhantes ao nosso governo, aumentando a onda de pressão internacional sobre o país em apelo aos governantes brasileiros para frear o trator ruralista que tem destruído a Amazônia.

Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles ridiculariza indígenas e revela desprezo do governo (Reprodução)
A carta demonstra a preocupação dos parlamentares dinamarqueses com uma série de projetos de lei que, se aprovados, vão resultar no aumento do desmatamento na Amazônia, perda de ecossistema e até mesmo na abertura de Terras Indígenas e áreas protegidas para a mineração, ameaçando a proteção dos povos indígenas ao permitir a exploração em seus territórios.

Na semana passada, 15 ONGs enviaram uma carta ao Primeiro-Ministro e ao Ministro das Relações Exteriores da Dinamarca com a mesma mensagem. Isso levou o partido Red-Greens Alliance a enviar uma carta sobre os desdobramentos no Brasil. A carta é assinada por membros do partido Red-Greens Alliance, SF, Frie Grønne, Alternativet, Socialdemokratiet, Radikale Venstre, Venstre, Dansk Folkeparti, Inuit Ataqatigiit e Javnaðarflokkurin.

"Desde que Jair Bolsonaro assumiu o poder no Brasil, o número de assassinatos de povos indígenas em áreas florestais aumentou significativamente. Isso ocorre porque o governo Bolsonaro desmantelou a proteção dos povos indígenas por meio de legislação. Essa é a tendência que o novo pacote legislativo mantém. As ONGs disseram não e é hora de nós, políticos, fazermos o mesmo. Além disso, o desmatamento na Amazônia no ano passado atingiu seu nível mais alto em 12 anos. Agora eles querem permitir a mineração em áreas florestais. Estamos no meio de uma crise climática em que precisamos de grandes atores como o Brasil para cumprir o Acordo de Paris. No momento, o país está indo na direção oposta. Fico feliz que haja amplo apoio político para enviar um sinal claro ao Brasil de que isso terá consequências para a cooperação entre nossos países se eles não mudarem de rumo", afirma Søren Søndergaard, do Red-Greens Alliance.

A carta enviada pelos políticos dinamarqueses pode ser acessada aqui: http://enhedslisten.dk/an-open-letter-to-the-president-of-the-chamber-of-deputies-and-senate

Confiança do brasileiro cai pelo 2º mês seguido e bate recorde


A confiança do consumidor brasileiro na economia não para de cair. O Índice Nacional de Confiança (INC) de abril registrou 70 pontos, seis abaixo do que foi medido em março. É o pior indicador desde o início da pandemia. 

A região Nordeste segue, pelo segundo mês consecutivo, mais pessimista, com 63 pontos. O consumidor do Norte do país é o mais otimista, com 85 pontos. Nas outras três regiões o registro foi de 83, 70 e 65 pontos (Centro-Oeste, Sudeste e Sul respectivamente). 

Apenas 25% dos entrevistados dizem estar satisfeitos com a situação financeira, com o emprego e a vida que está levando hoje. A maioria (59%) afirma estar insatisfeita ou muito insatisfeita com todo este combo. Os brasileiros mais pobres são também os menos confiantes, com 52 pontos. As classes AB (71) e C (74) também se mostram preocupadas com a economia. “O comércio funciona em horários reduzidos ou não funciona, o valor do auxílio emergencial pago é mais baixo e a vacina não está acessível a toda população. Isso tudo reflete diretamente na economia nacional”, disse Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo. 

Um dado curioso que reflete bem a situação do Brasil é que 67% têm relação próxima com o desemprego. Ou seja, nos últimos seis meses o próprio entrevistado ou alguém que ele conheça perdeu o emprego. Além disso, 66% acreditam que observarão mais pessoas sendo demitidas daqui para a frente. A pandemia ainda revela uma falta de boas perspectivas futuras. Apenas 28% dos brasileiros ouvidos acham que daqui a um ano a economia nacional estará melhor. “As empresas estão faturando menos e muitas estão fechando. Claro que este cenário faz aumentar as demissões de trabalhadores”, afirma Solimeo. 

Sobre o consumo, apenas 22% da população está confiante para fazer compras de médio porte como fogão e geladeira ou de porte grande como casa ou carro. “O brasileiro, no geral, está sem dinheiro”, comentou o economista.

Acesse a pesquisa nacional: https://cutt.ly/wvBiMUN 

terça-feira, 20 de abril de 2021

Mais jovens graves nas UTIs no primeiro trimestre de 2021


A Rede Americas, braço médico-hospitalar do United Health Group Brasil, levantou o perfil do paciente COVID-19 em suas 18 unidades divididas entre as regiões Sudeste, Centro-Oeste, além do Norte e o Nordeste do país. O estudo comprovou um aumento de mais jovens graves nas Unidades de Terapia Intensiva do grupo, caso do Rio de Janeiro, com um salto 5.3%, em janeiro, para 14.7%, no mês de março, na faixa etária dos 18 aos 44 anos. Também chama a atenção, na capital Fluminense, as pessoas de meia idade (45 a 64 anos de vida) com aumento de 18% para 42%. Em São Paulo, no grupo dos 18 aos 44 anos, há um aumento de 17% para 19% e, de 37% para 45%, nos acometidos pela doença entre 45 e os 64 anos de vida.
 

Victor Cravo, coordenador nacional das Unidades de Terapia Intensiva da Rede Americas, analisa os dados e faz um comparativo com os meses de novembro e dezembro em que era percebido um aumento da gravidade predominantemente nos mais idosos. “Hoje, são os adultos jovens e de meia idade, que estão cada vez mais presentes nas nossas UTIs, o que pode ser atribuído ao relaxamento nas medidas de prevenção, como o distanciamento social, aumento das aglomerações e a redução quanto ao uso de máscaras, tão necessários enquanto não há vacina para todos”, avalia o especialista.  

Outra preocupação é a ausência de comorbidades nessa população jovem, que vem agravando devido à COVID-19. “Ainda há muito a ser pesquisado com relação aos problemas desencadeados pelo novo coronavírus, mas essa gravidade pode estar diretamente relacionada à carga viral mais alta somada à grande exposição, o que resultaria em uma capacidade menor de resposta do organismo dessa população”, observa Cravo.   

O estudo também traz um panorama do aumento de adultos nas unidades do Distrito Federal, Norte e do Nordeste do país, com uma escalada de 12% para 17,3%, entre as pessoas dos 18 aos 44 anos e uma queda naquelas pertencentes ao grupo dos 45 aos 64 anos de vida: de 42,2% para 35,2% nessa faixa de idade.   

Um dado positivo é a redução dos octogenários na maioria das UTIs do grupo, o que já pode ser considerado um reflexo da vacinação nessa faixa de idade (queda de 46% para 36%). “Por outro lado, no Nordeste e Distrito Federal, especificamente, ainda há aumento desse público na faixa etária dos 80 anos (de 8,4%para 13.3%)”, diz. 

Golpe de estado no Brasil? Sonhem, viúvas da ditadura

Tenho tentado tranquilizar amigos, com o pouco de conhecimento que minha pós-graduação em Negociações Internacionais me proporcionou - gosto de citar não por pedantismo, mas para deixar claro que estudo o assunto - sobre a impossibilidade de um golpe de estado no Brasil, tema que provoca suspiros e reviradas de olhos do lunático que levaram à presidência do país.

Meus argumentos são mais focados no mercado e na política internacionais. Me parece óbvio que a aventura desejada por Jairs, milicianos e outros adoradores de cassetetes não se sustentaria internacionalmente.

Mas convido a todos a ler o artigo abaixo, que detalhou com muito mais propriedade, além das questões mundiais, os por quês domésticos que levariam tal aventura ao pior cenário possível - e a um período muito breve de duração.

Acalmem-se. Apologistas da ditadura são, no máximo, bobos.

Por que não haverá um golpe de Estado no Brasil?

*Por Igor Macedo de Lucena 

Em poucas semanas a inflação chegaria a galope e o Governo Federal seria forçado a adotar o ‘antigo remédio’ da indexação e da correção monetária, jogando-nos em um abismo de difícil volta e enterrando de vez o plano real e o tripé macroeconômico. Voltaríamos à década de 1970, tudo por causa de pessoas que não têm o mínimo apreço pela democracia e bajulam os autocratas, à esquerda ou à direita. 

Muitas das nossas exportações seriam boicotadas por causa do golpe de Estado ou mesmo por haver apenas um pretexto protecionista. Não importa a causa, isso derrubaria nossa balança comercial e nos jogaria ao longo de meses em uma nova crise cambial, forçando a desvalorização da moeda para fechar a balança comercial, o que resultaria em mais inflação.

Em poucos meses o índice de pobreza extrema chegaria aos dois dígitos, e a massa de desempregados estaria marchando nas ruas. Estudantes e a classe média se juntariam por meio das redes sociais, e o Governo assistiria incrédulo às capitais sendo tomadas por pessoas que viram sua vida ser destruída em prol de algo que fatalmente seria um desastre. 

Em poucas semanas, as revoltas internas tomariam corpo, ganhariam visibilidade internacional e seriam apoiadas pelas maiores democracias do planeta, causando não apenas a queda dos líderes do Governo, mas também a prisão de seus principais artífices. 

Não, amigos! Em um Brasil interconectado globalmente, membro do G20 e maior economia de mercado da América Latina, não há espaço para a manutenção de golpes de Estado ou governos ilegítimos. Essa seria uma aventura com pouco prazo de validade e dificilmente iríamos nos recompor na mesma década. Escrevo este texto com o intuito de mostrar como a dominância econômica se impõe sobre a política, seja ela democrática ou não, e como o nosso Brasil não aguentaria um novo golpe de Estado. 

Em minha opinião, aqueles que idolatram o regime militar ou o governo de Cuba, e pensam em adotar ideias semelhantes para o Brasil do século XXI, não têm espaço no pensamento democrático de hoje e só contribuem para o caos e a desinformação. 

*Igor Macedo de Lucena é economista e empresário, Doutorando em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa, membro da Chatham House – The Royal Institute of International Affairs e da Associação Portuguesa de Ciência Política

Tem índio no hospital? Tem erva medicinal

Horta utiliza material sustentável, como pneus, para o plantio (F: Divulgação)
Um pouco de empatia nesse país, que andamos precisando. Fico feliz de ver iniciativas como esta. Localizado no meio da floresta amazônica, o Hospital Bom Pastor, município de Guajará-Mirim (RO) faz uso farmacêutico de ervas e hortaliças no combate a diversas doenças e sintomas. A intenção é deixar o ambiente hospitalar mais acolhedor e próximo do que os pacientes, em sua maioria indígenas, encontram nas aldeias.

Com o projeto “Semear com Amor”, em atividade há cerca de dois anos, a unidade hospitalar cultiva em sua horta medicinal cerca de 35 plantas de 12 espécies diferentes. “A equipe de Farmácia Hospitalar faz a colheita e as transforma em chás com diferentes finalidades: calmantes, alívio de dores, gripes, problemas no fígado e no intestino, entre outras”, explica Leiliany Ortiz Farias, nutricionista do hospital.

Parte das hortaliças, cultivadas de forma orgânica, também é aproveitada diariamente na alimentação de pacientes e funcionários. “A horta traz elementos típicos da cultura indígena, de forma muito semelhante às cultivadas nas aldeias. Ao longo do tempo, ampliamos a variedade de ervas e hortaliças para que não houvesse nenhuma diferença. Nossos pacientes ficam muito satisfeitos por poderem continuar com a utilização desses produtos aqui, durante o atendimento hospitalar. Se deixar, vão até a horta e consomem direto do pé”, conta profissional.

O Hospital Bom Pastor está localizado em uma região onde 90% do acesso é feito por meio fluvial. A unidade própria da entidade filantrópica Pró-Saúde é referência no atendimento de saúde para mais de 30 aldeias na região de Guajará-Mirim, em Rondônia. Atende uma população de mais de cinco mil indígenas, com realização de consultas, exames, cirurgias, partos e internações. 

“A unidade é totalmente adaptada à cultura indígena, com redes nas enfermarias, ambiente com oca, entre outras características que visam ressaltar o respeito e humanização a este paciente”, enfatiza Jucyleia Carvalho, assistente social.

Buscamos continuamente formas de incorporar o entendimento e o respeito à cultura indígena na assistência humanizada, fortalecendo o vínculo com nossos pacientes e a comunidade”, ressalta Geraldo Fonseca, diretor Hospitalar do Bom Pastor.