quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Sobre Hitler, Stálin e pretensos ditadores brasileiros

(Autor não identificado)
Diante das atuais notícias, acho muito procedente que o Coiso será preso preventivamente nas próximas horas. Não sei se é bom ou ruim. Talvez uma prisão transitada em julgado pela explícita e inquestionável tentativa de golpe fosse mais efetiva. Mas o Marreco também conduziu Lula coercitivamente sem nunca tê-lo convocado. Então, excesso gera excesso.

É assim em tempos de exceção - e, sim, vivemos um desde que um delinquente megalomaníaco decidiu não reconhecer a vitória do adversário (alguém viu isso na história democrática mundial recente?) e inflar seus 30% de apoiadores a instigar um golpe, inclusive com explosões na Praça dos Três Poderes, contra os 70% que apenas aguardavam o transcorrer normalizado da Democracia. 

Teremos que discutir isso nas próximas décadas, coisa que talvez fique para meu filho. Mas, apesar de uma ou outra atitude questionável do Estado brasileiro, com suas instituições absolutamente independentes, nenhum revisionismo (como tentaram Hitler, Stálin e Mussolini, e tenta Donald Trump) mudará os registros históricos. 

Stálin apagava ex-aliados em fotografias. Hoje, coloca-se uma pessoa onde ela nunca esteve. E essa artimanha também não resistirá à verdade.

Genial/Quaest: Lula lidera todos os cenários de 1º turno e abre distância sobre adversários em eventual 2º turno

Foto: Ricardo Stuckert/PR
A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira confirma a curva de recuperação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário eleitoral de 2026. Na pesquisa anterior, de  julho, Lula aparecia empatado com Tarcísio de Freitas no limite da margem de erro, em eventual segundo turno. Na pesquisa atual, venceria o governador de São Paulo por 43% a 35% e todos os demais potenciais candidatos por diferenças entre 10 pontos (Ratinho Júnior, governador do Paraná) e 16 pontos percentuais (o senador Flávio Bolsonaro, testado pela primeira vez, e os governadores Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, e Ronaldo Caiado, de Goiás). Contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, se revertida a inelegibilidade, Lula teria 12 pontos de vantagem; contra Michelle, 13 pontos; e venceria Eduardo Bolsonaro com 15 pontos percentuais de frente.

Confira a pesquisa completa aqui.

Outro sinal positivo para Lula é que 47% dos entrevistados têm mais medo da volta de Bolsonaro do que de sua reeleição. Entre os eleitores que dizem não ter posicionamento político, esse percentual avançou de 36% para 46% em relação à pesquisa anterior, enquanto o índice dos que dizem temer a reeleição Lula recuou de 31% para 25%.


Pesquisa espontânea

Na pesquisa espontânea, o nome de Lula aparece com 16%, o de Bolsonaro com 9% e todos os demais potenciais candidatos, com 1%. São 4% os que informaram que votarão em branco ou nulo, ou não irão votar. Os indecisos são 66%.


Pesquisa estimulada

A pesquisa traçou cinco cenários na pesquisa estimulada. Só o primeiro contempla a hipótese de candidatura do ex-presidente Bolsonaro. Em todos eles, Lula aparece com intenções de voto de 34% a 35%, e o melhor desempenho é o de Bolsonaro, com 28%. O pior é o do senador Flavio Bolsonaro.


Segundo turno

Para o segundo turno, foram traçados nove cenários, e o presidente tem entre 43% e 48% das intenções de voto em âmbito nacional. Para todos esses cenários foram ouvidos eleitores da amostra especial de oito estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Bahia. Nesses dois últimos estados, Lula tem seus melhores desempenhos, com votações acima de 60%.

Lançada em Goiânia a campanha SEM ANISTIA para golpistas de 8 de janeiro

Os integrantes do grupo Amigos da Viração Goiás, corrente política que surgiu no movimento estudantil da década de 1980, lançaram nesta semana, em Goiânia, a campanha “SEM ANISTIA para golpistas e traidores da Pátria.” 

A campanha desenvolvida pelos egressos do movimento estudantil Viração consiste na divulgação de mensagens em outdoors e mídias sociais de apoio à independência do Supremo Tribunal Federal (STF). Em apenas 24 horas, foi registrado nas redes sociais 79 mil visualizações, 1.544 likes e 850 comentários. 

Através do grupo de antigos militantes estudantis, amigos e simpatizantes, foi realizada uma vaquinha popular, na qual mais de uma centena de contribuições foram arrecadadas, de acordo com as possibilidades de cada pessoa. O resultado já pode ser visto nas ruas da capital goiana desde segunda-feira (18), com outdoors em vários pontos nessa primeira fase. 


movimento também está sendo divulgado nas redes sociais e visa conscientizar a população e estimular que os movimentos sociais, sindicais, partidos, frentes políticas, parlamentares e figuras públicas promovam iniciativas semelhantes.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Genial/Quaest: Queda na inflação dos alimentos e reação ao tarifaço de Trump ajudam governo Lula a ter a melhor aprovação desde janeiro

A quinta rodada da pesquisa Genial/Quaest de 2025 mostra que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é desaprovado por 51% dos eleitores e aprovado por 46%, ao fim de dois anos e oito meses. Apesar da desaprovação pela maioria, o resultado confirma a tendência de recuperação da avaliação do governo iniciada na pesquisa anterior, de julho, depois de registrar recuos sucessivos de dezembro até maio, quando foi registrado o resultado mais negativo: 57% de desaprovação contra 40% de aprovação.

Confira a pesquisa completa neste link.

 A melhora na aprovação do governo aconteceu na maior parte dos recortes da pesquisa, principalmente na base de apoio do presidente e entre os eleitores que declaram não ter posição política. Entre as mulheres, a aprovação oscilou positivamente dois pontos percentuais e encostou na desaprovação, de 49%.

A comparação entre os governos Lula e Bolsonaro voltou a registrar vantagem para o presidente: 43% o consideram melhor, contra 40% em julho; o percentual dos que pensam o recuou de 44% para 38%. Entre os eleitores que informam não ter posicionamento político, a avaliação também se inverteu. Na pesquisa atual, 37% dizem que o governo Lula é melhor, 32% que é igual e 27% que é pior.

Alimentos em destaque


O grande destaque da pesquisa é a queda na inflação dos alimentos. A percepção de que houve alta no preço da comida recuou de 76% em julho para 60% em agosto. Para 20% os preços ficaram iguais e para 18%, caíram (eram 8% em julho). Essa percepção se repete em todas as regiões. Como consequência, a opinião de que o poder de compra é menor do que há um ano recuou de 80% para 70%, e a expectativa para os próximos meses, que vinha se deteriorando continuamente, agora está dividida ao meio: 40% acham que o panorama vai piorar, 40% que vai melhorar.


Para o CEO da Quaest, Felipe Nunes, a melhora na aprovação do governo Lula em agosto resulta da combinação de fatores econômicos e políticos.


“A percepção do comportamento do preço dos alimentos trouxe alívio às famílias e reduziu a pressão sobre o custo de vida. Ao mesmo tempo, a postura firme de Lula diante do tarifaço imposto por Donald Trump foi vista como sinal de liderança e defesa dos interesses nacionais. Menos pressão inflacionária somada à imagem de um presidente que reage a desafios externos ajudam a explicar o avanço de sua aprovação neste momento”, diz Nunes. 


Tarifaço: O embate entre Trump e o governo brasileiro é de amplo conhecimento do eleitor, constatou a pesquisa. 84% disseram que souberam da carta do presidente americano para Lula, contra 60% em julho, enquanto o percentual de desconhecimento caiu de 33% para 16%. Para 71%, Trump está errado ao impor taxas por acreditar que existe perseguição ao ex-presidente Bolsonaro.


Nesse embate, Lula e o PT estão fazendo o que é mais certo para 48% dos entrevistados, enquanto para 28% Bolsonaro e seus aliados é que têm razão. Para 15% ninguém está certo. Ao mesmo tempo, 41% consideram que o presidente está se aproveitando da situação para se promover, contra 49% que avaliam que Lula está agindo em defesa do Brasil. Sobre Eduardo Bolsonaro, a maioria (69%) dizem que o deputado está defendendo os interesses dele e de sua família, enquanto 23% acreditam que está defendendo os interesses do Brasil.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Organização gera polêmica ao proibir açaí, tucupi e maniçoba na COP30

F: Freepik
A Federação das Indústrias do Pará (Fiepa) emitiu uma nota de repúdio contra a proibição da comercialização de alimentos regionais amazônicos em áreas específicas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro. Segundo a entidade, o edital de credenciamento de restaurantes elaborado pela Organização de Estados Iberoamericanos (OEI) proíbe produtos tradicionais da culinária amazonense, como açaí, tucupi e maniçoba.

"É totalmente compreensível a preocupação com a segurança alimentar dos visitantes. Entretanto, vale ressaltar que esses produtos têm origem natural, exatamente da diversidade dos ingredientes fornecidos pela Floresta Amazônica, um dos temas importantes e proeminentes da COP30", diz trecho da nota. 

Confira abaixo o texto na íntegra:

Nota de Repúdio

Recebemos com surpresa e incredulidade alguns itens constantes do edital da organização de estados iberoamericanos - OEI, sobre a seleção dos operadores de restaurantes e quiosques para fornecimento de produtos alimentícios nas zonas azul e verde da COP30.

Nossa indignação decorre da proibição de alguns produtos típicos e expressivos da culinária e cultura gastronômica paraense, conhecidos mundialmente, como o açaí, o tucupi e a maniçoba, caracterizando completo desconhecimento e preconceito cultural com a região amazônica.


É totalmente compreensível a preocupação com a segurança alimentar dos visitantes. Entretanto, vale ressaltar que esses produtos têm origem natural, exatamente da diversidade dos ingredientes fornecidos pela Floresta Amazônica, um dos temas importantes e proeminentes da COP30. É importante pontuar que no Pará existem dezenas de fornecedores locais que seguem normas alimentares nacionais e internacionais, sendo exportadores para inúmeros países, incluindo Estados Unidos, Japão e União Europeia.


A “proibição” é ainda mais surpreendente porque atenta contra princípios contidos na própria Carta das Nações Unidas, que se propõe a “promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla”. Pela decisão ora preconizada, milhares de pequenos produtores amazônicos serão excluídos do evento.


Repudiamos toda e qualquer tentativa de desqualificar a utilização de ingredientes regionais como açaí, tucupi e maniçoba nos espaços da COP30. Ressalte-se que os órgãos reguladores dos governos estadual e municipal já fiscalizam e certificam os produtores desses ingredientes, inclusive com instruções normativas específicas e visitas periódicas, garantindo a qualidade e a segurança alimentar.


Nossa gastronomia tem origem ancestral e indígena e os alimentos são consumidos, diariamente, por milhares de pessoas na Amazônia, no Brasil e no mundo. O mercado regional dispõe de produtos certificados e de procedência comprovada, que são símbolos da nossa cultura alimentar e contam com mecanismos oficiais de controle sanitário. É inadmissível que se propague desinformação sobre ingredientes que representam a identidade amazônica.


Deste modo, fica claro que a justificativa de segurança de alimentos não se sustenta. Por tudo isso, as entidades signatárias desta nota, enquanto instituições que valorizam e estimulam a cadeia produtiva do alimento amazônico, repudiam essa postura culturalmente preconceituosa e esperam que o bom senso prevaleça e a medida seja revertida.


(*) Atualização: Após a polêmica, a OEI decidiu rever o edital. A decisão final sobre quais produtos serão liberados ainda não foi tomada.

Inscrições para o Curso: Política da Memória – Arquivos, Imagens e Narrativas Negras vão até segunda

A 23ª Goiânia Mostra Curtas está com inscrições abertas de 29 de julho até 18 de agosto para o curso Política da Memória – Arquivos, Imagens e Narrativas Negras, ministrado pela premiada Safira Moreira, fotógrafa, diretora e roteirista. O curso será realizado durante três dias na Vila Cultural Cora Coralina, durante o festival. 

Sobre o Curso:

Como narrar a partir dos restos e rastros da história? Quais imagens estruturam a paisagem da nossa lembrança? Neste curso, a diretora e fotógrafa Safira Moreira aborda essas questões por meio de sua prática artística, influenciada pela “política da memória” proposta pelo cineasta John Akomfrah. Através de seu trabalho com arquivos fotográficos de mulheres negras, Safira constrói pontes entre o passado e o presente, oferecendo uma reflexão crítica sobre as representações e os modos de olhar (e ver) que moldam nossas narrativas. 

 

O participante será convidado a criar um curta-metragem a partir de seus arquivos pessoais. O público-alvo do curso são: Roteiristas, diretores, estudantes de audiovisual, artistas visuais e pessoas com interesse nestas áreas.


Inscrições gratuitas pelo site www.goianiamostracurtas.com.br

 

Sobre a Instrutora:


Safira Moreira (Salvador, 1991) é fotógrafa, diretora e roteirista. Seu primeiro longa-metragem, Cais (2025), venceu o Olhar de Cinema (Melhor Filme – Júri Oficial, Público e Crítica ABRACCINE) e foi exibido em festivais como Guadalajara (México) e BlackStar (EUA), financiado pelo Sundance Documentary Fund, RUMOS Itaú Cultural e Fundo Avon.

 

Dirigiu o curta Travessia (2017), premiado em diversos festivais e exibido na abertura do Festival de Rotterdam. Em 2022, dirigiu o curta Alágbedé, exibido no festival É Tudo Verdade, e Da Pele Prata, lançado este ano no Panorama Coisa de Cinema. Sua obra investiga memória, ancestralidade, tempo e sonho. Formou-se em Cinema na Escola Darcy Ribeiro e em Artes Visuais no Parque Lage (RJ).

Interesse por carros chineses cresce 24% no Brasil em 2025

F: Divulgação
O interesse dos brasileiros por automóveis de montadoras chinesas cresceu 24% em 2025 no Brasil. É o que revela um levantamento do Webmotors Autoinsights, ferramenta que fornece dados e informações sobre o mercado automotivo brasileiro, com base na quantidade de buscas e visitas recebidas na plataforma pelos modelos das fabricantes chinesas (novos e usados) entre janeiro e julho de 2025 na comparação com o mesmo período do ano anterior. 

O estudo considera os modelos das principais fabricantes chinesas com vendas no Brasil. Em 2024, vale lembrar, esse mercado era composto principalmente por BYD, CAOA Chery - que é brasileira, mas tem seus modelos desenvolvidos pela chinesa Chery -, GWM e JAC Motors. Mais recentemente, em 2025, novos players do país asiático adentraram o mercado brasileiro. É o caso de Zeekr, Jaecoo, Omoda e GAC.

Quando considerado o total de buscas e visitas que todos os veículos dessas montadoras registraram na plataforma no período, a CAOA Chery lidera com 44,22%, seguida pela BYD (33,73%), GWM (13,25%), JAC Motors (6,16%), Zeekr (1,22%), Jaecoo (0,69%), Omoda (0,39%) e GAC (0,34%). 

INTERESSE POR MODELOS DE MARCAS CHINESAS - VISITAS

(JANEIRO A JULHO DE 2025 X JANEIRO A JULHO 2024)

MONTADORA

PARTICIPAÇÃO DE VISITAS

CAOA CHERY

44,22%

BYD

33,73%

GWM

13,25%

JAC MOTORS

6,16%

ZEEKR

1,22%

JAECOO

0,69%

OMODA

0,39%

GAC

0,34%

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Ação nacional pede que Lula vete o PL da Devastação; Goiânia participa da ação

Goiânia participa (F: Casa Valenta)
Arte contra a destruição ambiental: essa é a proposta de uma ação nacional nas 26 capitais, Distrito Federal e outras 50 cidades em todo o país. Ao longo desta semana, coletivos de artistas e ativistas de todas as regiões do Brasil espalharão grandes cartazes (lambe-lambes) pedindo que o presidente Lula vete integralmente o Projeto de Lei 2159/2021 - o PL da Devastação. Ele destrói o sistema de licenciamento ambiental como é conhecido hoje no país e abre caminho para uma desregulação em larga escala da política ambiental brasileira. Os lambes de larga escala devem ser instalados em pontos de grande afluxo das cidades, utilizando a arte urbana para aumentar a pressão popular pelo veto presidencial. Goiânia teve a arte instalada neste final na Avenida Anhanguera e na Avenida Tocantins.

A arte foi criada por Thais Trindade, que já tem mais de 250 mil seguidores nas redes. A ilustradora, que tem formação em Arquitetura e é engajada nas lutas sociais e ambientais, desenvolveu um estilo único, que combina elementos da xilogravura popular, como os traços marcantes das artes de cordel, com influências das estéticas zapatistas, criando composições poéticas e fortes mensagens de reflexão sobre a nossa realidade. A imagem (abaixo) que está sendo afixada nas ruas de todo o país, retrata o momento emblemático da posse de Lula subindo a rampa com alguns representantes da diversidade do povo brasileiro, entre eles o Cacique Raoni, símbolo da luta indígena e ambiental, e ao lado, a frase "quem sobe a rampa com o povo, defende a vida do povo” conclama que Lula ouça a sociedade e vete o projeto.

A iniciativa faz parte da campanha contra o PL da devastação, que já vem acontecendo desde o ano passado. O projeto foi aprovado em maio no Senado e ganhou emendas consideradas ainda mais perigosas pelos especialistas, desde então, as manifestações populares nas redes e nas ruas cresceram, principalmente após o projeto ser aprovado de forma definitiva na Câmara, durante a madrugada do último dia 17 de julho, na véspera do recesso parlamentar, com permissão de votação virtual, em uma sessão esvaziada e repleta de polêmicas.

“Agora o Presidente Lula tem até dia 8 de agosto para sancionar ou vetar o PL da Devastação, que representa um retrocesso sem precedentes na legislação ambiental e que afetaria a vida de todos os brasileiros, por isso o pedido da sociedade é bem claro e enfático: VETA, LULA!". Essa fala é de Digo Amazonas, coordenador de projetos do Megafone Ativismo, entidade responsável pela ação, que está se mobilizando com mais de 150 coletivos de artistas e ativistas, que farão as colagens dos lambes em mais de 70 cidades espalhadas pelo Brasil.

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Uma leve tristeza no olhar

(Imagem: Freepik)
Pedro já foi menino medroso. Já foi passador de cola na fábrica de sapatos e desenhista de pequenos projetos arquitetônicos. Crente e ateu.

Hoje, Pedro não passa nem cheira cola. Não desenha. Não é mais uma coisa nem outra. Hoje, Pedro gasta suas horas pensando no dia seguinte.

Ele se lembra que já foi inquieto um tempo. Que enfrentou desafios. Mas, agora, tem medo de sair na rua à noite. No fundo, no fundo, Pedro teme a possibilidade.

Pedro chega sozinho ao bar. Ocupa a mesa de sempre e busca rostos conhecidos. Aos poucos, vão chegando todos.

A moça de lábios vermelhos e olhos dissimulados. Do beijo roubado em lugar arriscado.

O velho amigo, agora mais velho, não reconhece Pedro. Traz no rosto o peso dos sonhos não dormidos. Alguma coisa entre a melancolia e a tristeza.

A antiga namorada. Bela, como naquele dia. Parecia ainda esperar alguém.

Outro velho amigo se aproxima. Quer saber como vai a vida. Depende do que vai acontecer amanhã, responde Pedro, com a amargura de sempre. E o outro velho amigo sorri compreensivo. Era o otimismo e a satisfação dele com tudo que Pedro admirava e desprezava ao mesmo tempo.

Pedro nasceu num dia festivo, revela o calendário. E o nascimento trouxe muita comemoração, contavam a ele. Mas Pedro carrega uma leve tristeza no olhar.

Pedro já quis ser cantor de grupo infantil e ator de telenovela. Já desejou a mocinha bonita da televisão. Já quis ser pedreiro e se chamar Moacir. Mas Pedro apenas carrega uma leve tristeza no olhar.

Ninguém sabe, nem ele mesmo, explicar essa coisa estranha que não sente. Talvez tenha ficado assim depois de ver que o Baixinho, o pedreiro da casa da frente, tinha apenas pipoca murcha para comer com o arroz frio. Tem gente que diz que Pedro ficou assim depois da morte do cão companheiro que o seguia pelas ruas escuras. Mas o mais certo é que Pedro tenha ficado vazio ao ouvir que alguém o amava. Porque Pedro não ama ninguém.

Um a um, dos velhos amigos a antigas namoradas, foram se levantando e deixando o bar. Um aceno, um aperto de mão, um abraço, um beijo no rosto. Tudo isso deixaram para Pedro. E também o deixaram sozinho. Com ele ficaram a música suave, o vinho manchado de vermelho, o cigarro levemente amargo e o escuro do bar.

Talvez seja por isso que Pedro carrega uma leve tristeza no olhar.

(Goiânia, 2004).

terça-feira, 29 de julho de 2025

Marrom Glacê

Era nome de novela, não era? Nome de sorveteria também. A Birigui dos anos 1980. Há outra sorveteria no lugar, franquia, coisa chique. 

Diferente do Bar do Décio. Retrô, os entusiastas das ruínas diriam. Decadente mesmo. E cheio de mosquito. Décio - não esse, outro, dono de outro bar - matou uma pessoa a navalhada, uma briga, diziam, na casa do vô Mané e da vó Tonica, a poucos metros. A casa da vó e o prédio do bar ainda estão lá, decadentes, puídos, ruínas de vidas atrás.

Não é a primeira rememoração pseudofilosófica nessas vindas à cidade. Nessas mais de três décadas de exílio. Nem a mais doída, nem a mais simbólica, nem a mais importante. É só mais uma. Novos contornos apenas. 

Nada diferente do ano passado, quase nada. Mais um périplo de visitas a lugares de antes, de tentar fazer seu filho se interessar por um lugar, uma rua, uma cidade que não sobreviverão a você. 

Um dia, ele nem se lembrará mais da cidade em que o pai nasceu. Essa cidade morta e vazia, antes, tão cheia de vida. 

Cadê o trottoir da praça da prefeitura, em que, galantemente parados, aguardávamos as moças passarem e, às vezes, tocávamos levemente seus cabelos demonstrando sinal de interesse? E aquele povo todo da praça antiga da estação, aquela vida toda? Por que a cidade morre assim?

Muitos saímos daqui, muitos ficaram. Dentistas, advogados, servidores públicos, até um prefeito temos na turma...

Será que é a cidade mesmo que morre?

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Cresce procura por exame diagnóstico de câncer de próstata no Brasil

(F: Freepik)
O brasileiro está mais preocupado com a identificação precoce do câncer de próstata. Levantamento da startup LifesHub, especializada em uso de inteligência artificial para análise de dados, mostra alta de 120% no número de exames de PSA realizados pelo SUS em homens com mais de 40 anos no Brasil entre 2018 e 2024. A dosagem do antígeno prostático específico (PSA) é um dos principais indicadores de risco para a doença. Alta ainda mais significativa ocorreu na saúde privada. Nesse caso, o total de exames feitos por homens entre 40 e 49 anos cresceu 381% entre 2018 e o ano passado. Apesar disso, 16,9% dos diagnósticos ainda ocorrem apenas no estágio 4 da doença, quando já há comprometimento de tecidos vizinhos à próstata e maior dificuldade para tratamentos com sucesso.

CEO da LifesHub e médico radiologista, Ademar Paes Junior diz que a análise detalhada dos dados é importante para gerar informações que podem auxiliar no planejamento de investimentos e na definição de linhas de cuidado dos pacientes. Nos últimos anos, por exemplo, há uma clara tendência de alta na procura pelos exames. Em 2023, pacientes com mais de 40 anos fizeram 794 mil exames de PSA pelo SUS. No ano seguinte foram 888 mil. Em 2025, em apenas três meses, já foram 240,8 mil exames. 

O número de diagnósticos positivos não acompanha a tendência. Em 2021 foram 37,6 mil resultados positivos para a doença. O número subiu para 43,9 mil no ano seguinte e chegou a 47,1 mil em 2023. Em 2024 houve uma queda – 37 mil resultados positivos. “Em 2020, com a pandemia e o afastamento social, houve uma queda no número de exames, o que pode ter resultado na postergação de diagnósticos que ocorreram em maior número em 2022 e 2023”, diz Ademar Paes Junior. Os dados da LifesHub indicam que em 2020 foram feitos apenas 398,7 mil exames de PSA no SUS em homens com mais de 40 anos. Em 2019 haviam sido 468,7 mil procedimentos.

O levantamento da LifesHub também alerta para a necessidade de acelerar o encaminhamento dos pacientes para tratamento. Segundo os dados, 48,7% dos pacientes levam mais de 60 dias desde o diagnóstico até o início do combate à doença. Ademar Paes Junior diz que informações reforçam a importância da detecção precoce e também o valor estratégico de utilizar inteligência de dados na gestão de saúde populacional e no planejamento de mercado. “Enquanto algumas organizações já usam esses insights para mapear riscos, antecipar demandas e ajustar linhas de cuidado com precisão, outras ainda tomam decisões no escuro. Em um setor onde agilidade e previsibilidade são diferenciais competitivos, não ter acesso a essas informações é correr o risco de perder espaço, eficiência e vidas”.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Uso de IA nas regras de regulação acelera autorizações para operadoras de planos de saúde

André Machado (F: Divulgação)
A tecnologia está contribuindo para aumentar a eficiência do setor de autorização de procedimentos de operadoras de planos de saúde. Um “motor de regras” desenvolvido pela Maida Health para atender a demanda de uma autogestão com 500 mil vidas garantiu a automação de 95,1% das respostas a pedidos de exames, consultas, internações e outros procedimentos. No total, a plataforma processou 9 milhões de solicitações no primeiro semestre de 2024. Pouco mais de 90% dos pedidos (8,1 milhões) atendiam às regras de uso e foram liberados de imediato. Outros 4,8% eram solicitações equivocadas e foram negadas. Apenas 4,9% dos casos tiveram de ser encaminhados para análise da equipe técnica especializada responsável pelo trabalho.

A plataforma usa inteligência artificial e não depende da atuação de equipes de tecnologia para atualização. Em vez disso, o sistema “interage” com bancos de dados da operadora que incluem informações sobre o perfil dos beneficiários, as coberturas garantidas, a utilização do plano e regras de uso. A partir disso, e com uma interface de uso bastante simples, encaminha mensagens automáticas e detalhadas que indicam a autorização, a negação, o bloqueio ou o envio para análise técnica de cada pedido recebido. “A intervenção humana ainda é essencial, principalmente quando há necessidade de avaliação de um pedido. Mas o ganho de agilidade e a possibilidade de melhorias automáticas, sem necessidade de intervenção do time de tecnologia da operadora, mostram que esse é um novo caminho para quem precisa ganhar eficiência no atendimento sem perder qualidade na prestação do serviço. Claro que sempre é resguardado protocolo técnico e a medicina baseada em evidências, o que traz segurança a todo esse processo”, diz o CEO da Maida, André Machado.  

No dia a dia, as operadoras convivem com volume gigantesco de pedidos de autorizações. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que em 2023 os 51,4 milhões de beneficiários de planos de saúde brasileiros fizeram mais de 1,7 bilhão de procedimentos (exames, consultas, internações, entre outros). Números referentes a 2024 ainda não foram divulgados. Mas o total de pessoas atendidas pelo setor cresceu – chegou a 52,2 milhões. 

Para 66% da população, Brasil deve impor tarifas aos produtos americanos em retaliação a Trump


Novo levantamento do Instituto de Pesquisa Realtime Big Data aponta: 66% dos brasileiros acreditam que o Brasil deve impor tarifas aos produtos americanos, em retaliação ao tarifaço de 50% imposto pelo presidente Donald Trump à importação de produtos brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. No total, 1500 pessoas foram ouvidas entre os dias 14 e 15 de julho, em todas as regiões do país.
 

A pesquisa do Realtime Big Data apontou ainda que 16% da população é contra medidas de retaliação aos Estados Unidos, enquanto 18% concordam, a depender do impacto da taxação. Além disso, o levantamento revelou que 69% dos brasileiros discordam do tarifaço de Trump, enquanto 31% afirmaram que concordam com a medida.

 

Outro ponto analisado pela pesquisa é quanto aos possíveis impactos do tarifaço na economia nacional. No total, 86% dos brasileiros acreditam que o país será prejudicado, sendo que para 45% haverá muito prejuízo e para 41% haverá pouco prejuízo. Outros 6% acreditam que a medida imposta pelos EUA não vai afetar o Brasil e 8% não souberam responder.

 



Responsabilização


O Realtime Big Data também ouviu a opinião dos entrevistados sobre quem seria o responsável pela atual crise comercial entre Brasil e Estados Unidos. Nesse ponto, as opiniões ficaram divididas, sendo que para 33% a culpa é do Governo dos EUA, para 32% é do Governo Brasileiro atual e para 28% é do Governo Brasileiro anterior. Além disso, 5% consideram que o Governo Americano e o Governo Brasileiro são igualmente responsáveis e para 2% nenhum deles tem responsabilidade.