sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Governo Bolsonaro piorou a alimentação de dois terços dos brasileiros, revela pesquisa

Sob o desastroso governo de Jair Bolsonaro, mais de dois terços dos brasileiros passaram a comer pior. É o que revela a mais recente pesquisa Exame/Ideia. De acordo com o levantamento, 68% dos entrevistados mudaram os hábitos de alimentação em razão da inflação. “Obviamente que isso tem um impacto muito grande no dia a dia das pessoas, estamos falando de mais de dois terços dos brasileiros comendo de alguma maneira diferente, obviamente piorando sua alimentação em razão do aumento de preços. Quem trabalha com a inflação sabe que ela é essencialmente expectativa, e 61% acham que os preços vão continuar aumentando nos próximos seis meses, ou seja, vamos continuar convivendo com um cenário bastante preocupante para o Brasil”, diz Maurício Moura, fundador do Ideia, instituto especializado em opinião pública.

A pesquisa traz dados muito eloquentes em relação à inflação. Dos entrevistados, 79% encaram a situação como um grande problema no dia a dia. Os itens que mais têm pesado no bolso das pessoas são alimentos, bebidas e combustíveis. Para a população de renda mais baixa, das classes D e E, os alimentos e as bebidas têm um peso maior, e os combustíveis, obviamente, nas classes A e B.

Desaprovação de Bolsonaro volta a subir e está em 53%, revela Exame/Ideia

O número de brasileiros que avalia a gestão do presidente Jair Bolsonaro como ruim ou péssima voltou a subir e chegou muito próximo do recorde, registrado em julho deste ano, quando ficou em 57%. Segundo dados da mais recente pesquisa Exame/Ideia, a avaliação negativa soma 53%. Em relação à última sondagem, de agosto, foi um aumento de cinco pontos percentuais. Quem acha o trabalho do presidente ótimo ou bom são 23%, e regular, 21%.

"Em relação à avaliação do governo, os indicadores do presidente continuam bastante reativos. A gente vê um ruim e péssimo acima de 50%, o que é muito perigoso porque essa parcela é de difícil desconversão. A aprovação de Jair Bolsonaro, apesar de bem resiliente na casa de 25%, no histórico é muito inferior aos pares dele que conseguiram a reeleição no Brasil pós-redemocratização - Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Bolsonaro tem duas variáveis bastante preocupantes para uma possível reeleição: forte rejeição refletida na avaliação ruim, e baixa aprovação”, avalia Maurício.


Outro dado preocupante da pesquisa é que 42% dos brasileiros discordam que a economia vai melhorar nos próximos seis meses. "É muita gente com incertezas em relação ao futuro da economia, no médio prazo. Isso tem uma correlação com a aprovação do governo, 55% dos que avaliam o governo como ótimo e bom acham que vai melhorar e quem avalia mal é justamente o contrário (66% ruim e péssimo). É um sentimento geral de desconfiança e incerteza em relação à melhora econômica”, diz Maurício Moura.

A pesquisa Exame/Ideia ouviu 1.295 pessoas entre os dias 18 e 21 de outubro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A sondagem é um projeto que une Exame e o Ideia, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Adivinhe quem é o presidente que apoia o governador afastado hoje por corrupção

Carlesse (dir.), afastado do cargo, e o amigo bolsonaro
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento do governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), do cargo por 6 meses, em investigação sobre pagamento de propina e obstrução de justiça. A decisão é do ministro Mauro Luiz Campbell e ainda precisa ser referendada pela Corte.

A decisão é resultado das operações Éris e Hygea, deflagradas hoje pela Polícia Federal (PF). As investigações, iniciadas há quase dois anos, demonstram a criação de um complexo aparelhamento da estrutura estatal voltado a permitir a prática continua de diversos esquemas criminosos. Essas condutas contribuíram para a movimentação de dezenas de milhões de reais por meio dos crimes praticados. Até o momento, foi determinado o bloqueio de R$ 40 milhões, informa a PF.

O PSL, legenda de Carlesse, foi o partido que elegeu Jair Bolsonaro (sem partido), com a promessa de “fim da corrupção". O governador afastado é figura querida e apoiada pelo presidente. Talkey?

terça-feira, 19 de outubro de 2021

O outdoor que provocou a demissão de procurador da Lava Jato

A peça publicitária que autoenaltecia os integrantes da Operação Lava Jato ficava na saída do aeroporto de Curitiba, que na verdade fica na cidade vizinha de São José dos Pinhais. "Bem-vindo à República de Curitiba. Terra da Operação Lava Jato, a investigação que mudou o país", dizia a peça, que trazia à frente o então todo poderoso coordenador, Deltan Dallagnol. "Aqui a Lei se cumpre", concluía a publicação.


Soube-se depois, com a série de reportagens do The Intercept Brasil chamada Vaza Jato, que a operação não cumpria lei nenhuma. Apesar da aparente intenção inicial de desvendar uma rede de corrupção no serviço público, a investigação, em conluio com o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro Sergio Moro, serviu para interferência nos rumos políticos do país, com a nefasta eleição de Jair. Um pesadelo cujos fantasmas o país levará décadas para se recuperar.

Diogo Castor: os super-heróis da república

Pois bem, ontem, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu, por seis votos a cinco, demitir o procurador Diogo Castor de Mattos, responsável pela contratação da empresa que instalou o outdoor. Ele alega ter pago os cerca de R$ 4 mil de custo do próprio bolso. O ato de exaltação dos servidores públicos foi interpretado pelo Conselho como improbidade administrativa, cuja única pena aplicável é a demissão.

Ontem, A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) protocolou uma reclamação disciplinar no CNMP contra Deltan Dallagnol e Athayde Ribeiro Costa. A entidade requer que o órgão responsabilize os procuradores da República por falsificação de delação premiada, também durante a Lava Jato. 

A operação se desfaz dia a dia.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Associação de juristas requer que CNMP puna os procuradores Deltan e Athayde por falsificação de delação

Deltan teria falsificado depoimento
A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) protocolou nesta segunda (18) uma reclamação disciplinar no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra Deltan Dallagnol e Athayde Ribeiro Costa. A entidade requer que o órgão apure e responsabilize os procuradores da República que, conforme revelado pelo portal Diário do Centro do Mundo (DCM), propuseram cláusulas extras, criaram uma nova versão e negociaram os termos da delação premiada do ex-executivo da Petrobras Pedro Barusco com o objetivo de incluir o Partido dos Trabalhadores entre as figuras delatadas.

"O caso é gravíssimo e requer apurações para eventual responsabilização dos culpados", afirmam os juristas. Para a Associação, o fato envolvendo uma possível falsificação do depoimento de uma testemunha por parte de procuradores da República, para prejudicar um ou mais acusados, com claras intenções políticas, configura diversos crimes, inclusive de prisão, e vem compor a série de revelações já feitas de um dos maiores escândalos já vistos na história da justiça criminal brasileira. "É do interesse de toda a sociedade que o caso seja investigado rigorosamente", ressalta.

Segundo revelado, Deltan e Athayde elaboraram declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. "A conduta agrava-se por ter sido cometida por funcionários públicos, prevalecendo-se do cargo", reforça.

A representação aponta que os procuradores infringiram o art. 80 do Código de Processo Civil e cometeram abuso de direito, violação dos deveres de lealdade processual e de comportamento ético, além de desvirtuar o próprio postulado da ampla defesa.

Por fim, a ABJD enfatiza a necessidade do CNMP cumprir a missão para o qual foi criado, já que a atuação dos procuradores viola frontalmente o que as prerrogativas funcionais e institucionais impõem ao cargo público.

"Todo o debate que ora ocorre no Congresso Nacional no âmbito da PEC 05/2021 demonstra a necessidade de que esse órgão de controle demonstre, de fato, sua independência para investigar desvios de condutas de membros da carreira. O que está em jogo não é apenas as condutas dos procuradores da República no âmbito da força-tarefa da operação Lava Jato, mas, a depender de como reaja, a própria instituição Ministério Público", finaliza.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Espaço Villa di Luca, em Aparecida de Goiânia, é acusado de homofobia

O espaço de eventos Villa di Luca, em Aparecida de Goiânia, será denunciado à polícia por suposta prática de homofobia. A autora da denúncia é a analista de telecomunicações Amanda Paiva, de 26 anos. As informações são de O Popular.

De acordo com Amanda, ao entrar em contato para solicitar orçamento, questionou se no local já havia sido realizada alguma cerimônia LGBT. "Já, sim, mas te agradeço q não é nosso foco. Obrigado!", foi a resposta. Amanda ainda tentou retomar a conversa, mas acabou bloqueada no Whatsapp e no perfil da empresa no Instagram.

Nas últimas postagens, internautas questionaram os responsáveis pelo espaço sobre o tema, mas os comentários não foram respondidos.

Amanda se prepara agora para registrar formalmente uma denúncia. O espaço Villa di Luca foi contatado por mensagens no Instagram e no número de Whatsapp oficial da empresa para comentar o assunto, mas ainda não retornou as solicitações. Caso haja posicionamento, este texto será atualizado.

Atualização:

Em resposta por Whatsapp, um responsável pelo espaço afirmou que a empresa não pretende se posicionar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Deltan Dallagnol deve indenizar Renan Calheiros

 Do Gazeteiro:

A Justiça de Alagoas determinou que Deltan Dallagnol pague R$ 40 mil a Renan Calheiros (senador/MDB), por danos morais. Renan alegou que o ex-coordenador da Lava Jato foi às redes sociais para atacá-lo e tentar interferir na eleição para presidente do Senado em 2019.


O senador afirmou  na ação que Dallagnol publicava conteúdo em seu perfil no Twitter “em desfavor da referida candidatura”, agindo como “militante político e buscando descredibilização de sua imagem”.

Conforme reportagem da Folha de São Paulo, a ação destaca ainda que, após o senador retirar sua candidatura,  o procurador Dallagnol comemorou o fato nas redes sociais “quase como uma vitória pessoal”.

Ubes rechaça veto de Bolsonaro à distribuição de absorventes nas escolas

Rozana Barroso quer derrubada do veto (F: Divulgação)
Mais uma vez, Bolsonaro promove um ataque à vida, aos direitos e à saúde pública. Dessa vez, as mulheres e pessoas que menstruam em situação de vulnerabilidade são os principais afetados. 

O Projeto de Lei 4968/19 foi sancionado, mas com vetos perversos justo em dois itens: da distribuição de absorventes para as escolas públicas de ensino médio e de anos finais do ensino fundamental e para mulheres em situação de rua e na inclusão do mesmo na cesta básica. Os vetos foram publicados hoje (7) no Diário Oficial da União.

“Bolsonaro veta partes importantes e essenciais do 'PL da Pobreza Menstrual' e que oferecem sentido ao Programa. Recebemos na UBES relatos constantes de pessoas que menstruam que deixam de ir às escolas por falta de absorvente. O que o presidente faz novamente é atacar as mulheres e estudantes e mostrar o desprezo pela população”, comenta Rozana Barroso, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas.

Rozana esteve presente na Câmara dos Deputados para construir e aprovar este projeto de lei. “Essencial para evitar ainda mais a evasão escolar de pessoas que menstruam, ainda mais neste período de crise econômica e de fome da população. Sabemos que o valor dos absorventes é impraticável para uma parte dos estudantes de baixa renda”, explica.

A UBES afirma que voltará ao congresso para derrubar o veto. “É preciso garantir a dignidade menstrual e lutar contra a evasão escolar. Não vamos aceitar mais este ataque”, concluiu a presidente.

Lembrando que o Congresso pode decidir manter ou derrubar vetos presidenciais. O prazo para essa avaliação é de 30 dias após a publicação do veto no Diário Oficial.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Silêncio de Bolsonaro e Carluxo confirma temor de prisão?

No dia 29 de setembro o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) publicou no Twitter o que seria o real motivo da surpreendente carta enviada por Jair Bolsonaro ao ministro do STF Alexandre de Moraes após os atos golpistas de 7 de setembro, incentivados pelo mandatário e com sua efusiva participação. Segundo o parlamentar, Michel Temer, amigo de Moraes, havia avisado sobre a possível prisão de Carlos Bolsonaro, que seria determinada pelo ministro.

Bolsonaro foi avisado por Temer q Carluxo seria preso depois depois do 7 de setembro. O Machão aos prantos ligou para Alexandre de Moraes, implorando, pedindo perdão, e prometendo 'nunca mais' ofender o STF ou seus Ministros. Quem assistiu relata a patética e vergonhosa cena”, escreveu o deputado.

A carta de arrego, soube-se depois escrita por Temer, deixou irados inúmeros bolsonaristas raiz, pelo recuo vergonhoso do comandante. Muitos afirmaram ser um “game over” para o Mito.

 Continuou Pimenta:

Quem acompanhou o desenrolar das tratativas afirma que foi pior do que meu relato. O desespero de Bolsonaro pedindo que Temer viesse as presas para Brasília foi 'comovente' e ainda será lembrado por muito tempo nos escaninhos do Palácio Alvorada. Carluxo nunca mais foi visto”.

A tese defendida por Pimenta não ganhou muita repercussão na mídia. Foi reproduzida basicamente  pelos canais assumidamente de esquerda, apesar da garantia do deputado de que a informação viera de interlocutores do Planalto que presenciaram a cena.

Ataques de Carluxo ao STF ficaram no passado

De qualquer forma, Bolsonaro, desde o arrego, nunca mais atacou o STF ou o TSE. Fraude nas urnas, não reconhecer o resultado das eleições, convocar o Exército em caso de (iminente) derrota, ditadura do STF, temas tão comuns no discurso do Mito, misteriosamente, desapareceram da retórica do Planalto. Vale lembrar que, em outras ocasiões, Bolsonaro havia se comprometido a encerrar os ataques a outros poderes e nunca cumpriu o combinado.

Carluxo, por sua vez, o mais provocativo membro da Familícia, em mais de 90 tuítes desde o 7 de setembro, nunca mais citou qualquer tema referente ao assunto. Isso enquanto o cerco contra o festival de rachadinhas denunciado por um ex-assessor e investigado pelo Ministério Público e pela polícia em seu gabinete na Câmara do Rio de Janeiro começa a se fechar.

Apesar da cena difícil de acreditar de um Bolsonaro implorando pela liberdade – ainda que provisória – do filho, o silêncio das hienas parece dar verossimilhança ao fato.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Genial/Quaest: Datena e Moro ultrapassam Ciro; Lula mantém liderança isolada

Pesquisa Genial/Quaest divulgada hoje mostra o apresentador José Luiz Datena (PSL) e o ex-ministro de Bolsonaro Sergio Moro (sem partido) à frente de Ciro Gomes (PDT) na disputa pelo Palácio do Planalto no ano que vem. No cenário em que disputa com o ex-juiz, Moro vence por 10% a 9%. Já o jornalista vence Ciro por 11% a 10%.

A pesquisa utilizou oito cenários, incluindo, pela primeira vez, a empresária Luiza Trajano (sem partido), cotada para a vice de Lula, que aparece com 4%, à frente do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que atingiu 3%, e do também senador Alessandro Vieira (Cidadania), que marcou 2%. 

Em todos os cenários, Lula mantém liderança isolada, variando entre 43% 3 46%. Bolsonaro aparece em segundo, com intenções entre 24% e 27%. As projeções mostram a possibilidade de Lula vencer ainda no primeiro turno, caso a terceira via não se consolide.

Os resultados são da pesquisa estimulada. Na espontânea, Lula tem 22% e Bolsonaro 17%, mas 55% dizem não saber em quem votar.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

"Uma das maiores atrocidades cometidas contra a humanidade", diz associação de médicos sobre caso Prevent Senior

A confirmação dos depoimentos de médicos da Prevent Senior colhidos pela CPI da Covid no Senado "configura retrocesso à barbárie e coloca o Brasil como sujeito de uma das maiores atrocidades cometidas contra a humanidade." A afirmação é da Associação Paulista de Medicina (APM) em nota oficial divulgada hoje.

De acordo com os relatos, a empresa submeteu pacientes a tratamentos experimentais sem conhecimento dos mesmos ou da família, excluiu informações dos prontuários médicos e falsificou atestados de óbito, excluindo a causa da morte como sendo por Covid, apenas para tentar validar a administração de medicamentos sem eficácia defendidos por Jair Bolsonaro e aliados, muitos deles, também médicos.

"O objetivo seria a contraposição às medidas de isolamento social, de forma a privilegiar a atividade econômica.  A questão é gravíssima e exige apuração imediata, transparente e aprofundada.", diz a APM. Nos depoimentos, médicos se disseram coagidos pelos gestores da Prevent Senior a administrar os tratamentos comprovadamente ineficazes.

"A APM, em nome dos médicos, assim como toda a sociedade brasileira, clama pela apuração dos fatos e a responsabilização de quem tenha participado em eventuais ações criminosas.", finaliza o documento.

Confira a nota:

Nota oficial da APM sobre CPI da Covid-19, Prevent Sênior e Ética na Medicina

A Associação Paulista de Medicina (APM) registra perplexidade quanto aos recentes depoimentos colhidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito indicando suposto envolvimento de médicos em esquema que funcionaria para induzir a chamada "imunidade de rebanho".

De acordo com os depoimentos na CPI em curso, isso se daria por meio da administração de drogas comprovadamente ineficazes contra o vírus SARS-CoV-2 e, inclusive, envolveria experimentação em seres humanos realizada à margem dos padrões éticos vigentes.

O objetivo seria a contraposição às medidas de isolamento social, de forma a privilegiar a atividade econômica.  A questão é gravíssima e exige apuração imediata, transparente e aprofundada.

A Associação Paulista de Medicina é defensora intransigente da Ética e da qualidade da assistência médica.

A confirmação dos depoimentos que todos ouvimos configura retrocesso à barbárie e coloca o Brasil como sujeito de uma das maiores atrocidades cometidas contra a humanidade.

A Associação Paulista de Medicina já instou o Ministério Público com o intuito de trazer à luz a verdade e a aplicação das medidas judiciais.  Também foram notificadas a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Superintendência de Vigilância Sanitária em São Paulo e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.

A APM, em nome dos médicos, assim como toda a sociedade brasileira, clama pela apuração dos fatos e a responsabilização de quem tenha participado em eventuais ações criminosas.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Empresas começam a exigir comprovante de vacina para candidatos

Com o avanço da vacinação, algumas empresas já estão com a política de volta aos escritórios, mesmo que de forma híbrida e, por isso, para as contratações estipularam a obrigatoriedade da apresentação do comprovante de vacina.

Na Luandre, uma das maiores consultorias de RH do país, essa passou a ser uma exigência no processo seletivo de alguns contratantes. “O movimento ainda não é dominante, mas alguns empregadores têm sim exigido o comprovante de vacinação como um dos requisitos para que os candidatos passem para as próximas etapas”, afirma Gabriela Mative, superintendente de seleção da Luandre.

Entre os principais motivos está o fato de a vacinação ser categorizada como um equipamento de proteção coletiva (EPC), ou seja, o profissional que não estiver vacinado pode colocar em risco a saúde de seus colegas e, caso o setor lide diretamente com o público, dos clientes.

“É tarefa do empregador promover um ambiente seguro de trabalho a todos, por isso, a empresa que define a obrigatoriedade da vacina entre os colaboradores, precisa aplicar a mesma medida no processo seletivo”, diz Gabriela.

A Portaria 597/04, do Ministério da Saúde, artigo 5º, § 5º, já autorizava a exigência da apresentação do comprovante de vacinação, “Para efeito de contratação trabalhista, as instituições públicas e privadas deverão exigir a apresentação do comprovante de vacinação, atualizado de acordo com o calendário e faixa etária estabelecidos nos Anexos I, II e III desta Portaria” Lei 13.979 de 06/02/2020.

Ainda não existe consenso entre os especialistas sobre até que ponto as empresas podem obrigar os funcionários a se imunizar contra a covid-19. A lei 13.979, no entanto, permite que autoridades adotem a realização compulsória da vacinação e outras medidas profiláticas para enfrentamento da emergência de saúde pública, desde que com base em evidências científicas e em análises sobre as informações estratégicas de saúde. Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) já deu ganho de causa a favor da constitucionalidade da medida em dois casos.

Segundo a especialista da Luandre, a vacinação pode assim ser considerada interesse coletivo. “Acreditamos que mais empresas comecem a exigir o comprovante, na medida em que a vacina seja disponibilizada para toda população e conforme os colaboradores forem retornando ao trabalho presencial”, completa.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Médico desabafa e conta como o 'kit covid' afetou a administração do hospital de campanha

Dr. Malek Imad e equipe do hospital (F: Acervo pessoal)
Nos primeiros momentos de pandemia no país, assim como no resto do mundo, quando pouco se sabia sobre o coronavírus e seu comportamento em relação ao nosso organismo, diversas avenidas de teste com medicamentos e terapias foram exploradas. Quando se tem uma doença tão destrutiva agindo de maneira rápida e sem controle é normal que se considerem diferentes caminhos, como foi o caso da hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina no começo de 2020.

“Conforme o tempo foi passando, com novos dados e entidades sérias se posicionando contra a eficácia destes medicamentos, como médico, não podia responsavelmente indicá-los à pacientes já tão debilitados”, comenta o doutor Malek Imad, especialista em medicina de Urgência e Emergência, sobre a sua experiência administrando um dos hospitais de campanha do Estado de São Paulo.

Apesar de ter sido recomendado e até usado em alguns pacientes logo na chegada do coronavírus, o chamado ‘kit covid’, não tem efeitos efetivos contra a doença. A comunidade médica, incluindo a OMS, vem deixando bem claro através de diversos pronunciamentos durante o último ano, que a melhor maneira de evitar a contaminação é através do isolamento, o uso de máscara e depois da sua criação, a vacina.

Claro, existem estudos publicados a favor do uso destes medicamentos, porém, nenhum deles traz um embasamento de pesquisa concreto. “Em qualquer estudo científico, em especial no campo da medicina, existe uma ordem que deve ser respeitada para ter resultados imparciais e corretos,” explica Imad sobre a pesquisa feita pelo médico francês Didier Raoult, publicada em março de 2020, usada por muitos que defendem o uso do kit. “Mas, neste caso a metodologia foi desrespeitada e um resultado obtido desta maneira não pode ser levado a sério, principalmente quando falamos de vidas humanas.”

Desde então, Raoult foi denunciado pela Sociedade de Patologia Infecciosa de Língua Francesa (SPILF), por promoção indevida de medicamentos. Apesar disso, de certa maneira, o estrago já havia sido feito. O estudo do francês foi usado pela comunidade contra o isolamento e como arma política em diversas ocasiões, e não só no Brasil.

“Depois que a informação falsa se espalhou e caiu na boca do povo, tivemos de lidar com uma situação delicada, tanto eu quanto minha equipe, durante o atendimento no hospital de campanha,” conta o especialista. “Muitas pessoas queriam de qualquer maneira, pacientes e familiares, que eu prescrevesse o kit covid”, acrescenta.

Imad compartilha como teve que, além da dificuldade de cuidar de pacientes com uma doença incurável, impedir que os pacientes sob o seu cuidado não recebessem nenhum destes remédios como tratamento, e se manter firme na decisão mesmo com uma forte pressão pública.

“Coisas das mais diversas aconteceram nesse período,” relembra. “Tivemos brigas da equipe com pessoas que queriam o tratamento precoce, visitantes levando o kit covid escondido para os internados, e houve até um protesto fora do hospital para que implementássemos os medicamentos no tratamento.”

Mesmo com ações por vezes hostis, para o médico a população não deve ser culpada. “Estamos falando de um momento de extremo medo e apreensão num âmbito mundial, lidando com uma doença devastadora. No final, a responsabilidade de acalmar as pessoas e fazer com que a informação correta chegue a elas é da política pública”, pontua o especialista.

Devido a falta de informação, e ainda a própria desinformação, o mito do tratamento precoce permanece até hoje, mesmo com a chegada da vacina. Imad destaca que esses remédios não são ineficazes sempre, como a hidroxicloroquina que é essencial no tratamento da lúpus. “Eles só são realmente vazios contra o coronavírus. Além de serem medicamentos de ação forte, que podem afetar o fígado e o coração, deixando sequelas desnecessárias.”

Mesmo com reações adversas, doutor Malek Imad conseguiu seguir com seu plano de tratamento baseado em dados científicos, assim como uma medicina humanizada. “Apesar das dificuldades, tenho muito orgulho de meu trabalho no hospital de campanha. Acredito que minha decisão ajudou muito a comunidade de que fiz parte durante aquele período, e reforço que no momento, a única via que temos contra a doença é a vacina,” finaliza.